Os cerca de 70 mil professores e
funcionários municipais da área de educação
não receberão o pagamento integral da gratificação
de desenvolvimento educacional neste ano. Previsto para dezembro,
o pagamento de 70% do bônus foi cancelado pela Prefeitura
—- uma primeira parcela, de 30% do valor, foi paga em
julho.
No total, seriam necessários R$ 45 milhões
para pagar o que falta da gratificação a todos
os servidores da educação. O benefício
- sempre condicionado à arredação - estava
previsto no acordo salarial firmado entre a administração
e trabalhadores na data-base da categoria, em maio deste ano.
Conforme o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Educação,
Enéas Rodrigues, “a arrecadação
foi menor do que o previsto. Em nenhum momento garantimos
que a gratificação seria 100% paga”, disse.
O chefe de gabinete pode ter razão. Como a Prefeitura
não oferece quadro completo sobre suas receitas, fica
difícil para os servidores aceitarem esse tipo de argumento,
em ano em que surgiram novas taxas.
Segundo Enéas Rodrigues, a Prefeitura fez um conjunto
de ações para melhorar a situação
salarial dos servidores da educação neste ano,
o que também dificultou o pagamento do bônus.
“Concedemos reajuste de 6% à categoria. A folha
de pagamento da educação era de R$ 88 milhões
em janeiro, e agora é de R$ 99 milhões.”
O benefício, criado em 2001, foi pago integralmente
em 2002. A gratificação varia de R$ 50 a R$
1.050.
Argumento
O vereador Cláudio Fonseca (PC do B), presidente
do Sindicato dos Profissionais em Educação no
Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), disse estranhar
o argumento da Prefeitura, de queda na arrecadação.
Segundo ele, o orçamento municipal deste ano, que era
de R$ 9,2 bilhões, foi alterado para R$ 10,4 bilhões
e a previsão para 2004 é de um orçamento
ainda maior, de R$ 14,2 bilhões.
A Secretaria de Finanças não explicou os motivos
da queda de arrecadação. “O que houve
é que a Prefeitura priorizou o CEU (Centro Educacional
Unificado). Lá não há limites de gastos”,
critica Fonseca. Os professores anunciam uma paralisação
para o dia 27. Ontem, 200 pessoas protestaram diante da Prefeitura.
Regina Terraz,
do Diário de S.Paulo.
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