Cristina Veiga
Vanessa Sayuri Nakasato
Uma passeata silenciosa, com as pessoas vestidas de branco.
É assim que o advogado Ari Friendenbach, pai da adolescente
Liana, assassinada no último dia 5 por um menor, quer
iniciar uma campanha contra a violência, discutir a
redução da maioridade penal e a aplicação
das leis já existentes. A passeata do sábado
(22/11) sairá às 13:45 horas do Colégio
São Luiz, onde a menina e o namorado Felipe estudavam,
e irá até o Masp, na avenida Paulista, em São
Paulo (SP).
“Quero que essa manifestação seja o início
de uma luta, não o fim, não exclusivamente um
protesto pelo assassinato de minha filha”, disse Friendenbach
em entrevista aos sites GD e Aprendiz. “Espero que,
a partir de então, as autoridades tirem da gaveta questões
como quanto e onde gastar o dinheiro para combater a violência
e recuperar menores infratores”, complementou o advogado.
Friendenbach está impressionado com a informação
de que o governo federal destinara R$ 50 milhões para
o sistema carcerário esse ano e que apenas R$ 3 milhões
foram usados. “Onde está esse dinheiro? Eu quero
saber onde foi parar essa verba! Custo a acreditar que com
os R$ 1,7 mil gastos por mês com cada adolescente da
Febem não se possa dar um tratamento classe A para
esses jovens. As mensalidades das melhores escolas de São
Paulo não custam isso!”.
O advogado concorda com a proposta do governador paulista,
Geraldo Alckmin, de passar para o setor privado a administração
dos presídios. “Está na cara que com o
Estado não funciona”, disse ele ao explicar melhor
o que defende em relação à redução
da maioridade penal de 18 para 16 anos. “Concordo com
a redução só para crimes hediondos. Não
se pode equiparar quem pratica esse tipo de crime com quem
fuma maconha e rouba carteira”.
Na opinião de Friendenbach, 99% dos adolescentes são
recuperáveis “e temos a obrigação
de investir neles”. Mas para os que cometem crimes como
o que matou sua filha, ele acha que é preciso reduzir
a maioridade, isolá-los porque não acredita
”que pessoas desse tipo virem gente”. O passo
seguinte ao da passeata é um abaixo-assinado por todo
país para discutir a violência e como amenizá-la.
Friendenbach está evitando politizar ou partidarizar
a discussão que encabeça. Por isto, será
recebido por uma comissão supra-partidária da
Assembléia Legislativa logo depois da passeata de sábado.
Sua expectativa é que compareçam ao ato a sociedade
civil, artistas, políticos, a Igreja e quem mais estiver
interessado em discutir os temas propostos.
O Colégio São Luiz, saída da passeata,
fica na avenida Paulista esquina com a rua Haddock Lobo.
|