Às vésperas do Dia
da Consciência Negra, as mulheres negras têm poucos
motivos para comemorar. Pesquisa do Departamento Intersindical
de Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que
o desemprego é maior para as negras do que para as
brancas e as asiáticas, bem como os salários
são em média, 44,9% mais baixos. Em São
Paulo, o salário médio pago para negras é
de R$ 494, contra R$ 896 das não-negras e R$ 756 dos
negros.
"A idéia do estudo é trazer uma nova luz
sobre o problema para que se possam definir políticas
para reverter a situação (de discriminação)",
afirmou a coordenadora da pesquisa do Dieese, Solange Sanchez,
para quem mulheres negras são duplamente discriminadas.
Solange afirmou que essa discriminação pode
ser verificada nos indicadores de renda e desemprego. Na região
metropolitana de São Paulo, por exemplo, a taxa de
desemprego da mulher negra é de 26,2% contra 18,8%
das não-negras. O desemprego das negras é maior
do que o do homem negro (19,9%) e do não-negro (13,3%).
As mulheres negras também demoram mais tempo para encontrar
um novo emprego. Em São Paulo, a mulher negra demora
12 meses para se inserir no mercado de trabalho, contra 11
meses da não-negra, ou seja: uma diferença de
quatro semanas.
Sanchez afirmou que nem mesmo a elevada escolaridade é
suficiente para garantir a ascensão da mulher negra
no mercado de trabalho. No Distrito Federal, por exemplo,
a taxa de desemprego para as negras com ensino superior é
de 10,3%, contra um desemprego de 9,5% para as não-negras.
Entre as negras com ensino médio incompleto, o desemprego
sobe para 40,3%.
Segundo a pesquisa, 30% das negras ocupadas da região
metropolitana de São Paulo estão no emprego
doméstico. Apenas 13% das brancas estão no mesmo
tipo de ocupação. Mesmo no setor público,
onde as contratações são feitas por concurso,
a ocupação é maior para as não-negras.
Em São Paulo, 12,1% das não-negras estão
no setor público, contra 9,1% das negras.
A pesquisa mostra que as negras ocupam menos cargos de chefia
e de planejamento dentro das empresas. Em São Paulo,
apenas 4,2% exercem funções de chefia, contra
15,7% das vagas de direção ocupadas por não-negras.
As informações são da Agência Folha.
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