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saúde
23/11/2004
Brasil precisa criar programa anti-Aids para viciados, diz ONU

A vice-diretora-executiva da Unaids (a agência das Nações Unidas para a Aids), Kathleen Cravero, disse que o Brasil precisa criar um modelo de atendimento a usuários de drogas injetáveis portadores do vírus HIV para não comprometer o modelo de prevenção e tratamento implementado no país.

"O Brasil fez tudo: um grande programa de prevenção, acesso de todos ao programa quando nem se sonhava com isso em outros países." Mas ressaltou:

"O temor no Brasil é que estamos vendo surgir o aumento do número de casos usuários de drogas, e nós precisamos contar com o comprometimento do Brasil para tratar desse problema."

Kathleen disse que o grande problema envolvendo o tratamento de usuários de drogas é que eles formam um grupo que não é "politicamente popular". Por isso, não existe interesse em cuidar da questão.

"Ninguém fica famoso por colocar dinheiro em programa de proteção a usuários de drogas. Esse é um grande problema. É por isso que estamos vendo a epidemia crescer no Leste Europeu fora do controle".

Política
Kathleen Craveiro disse que a criação de uma política voltada para os usuários de drogas é fundamental, evitando que a questão seja secundária no tratamento e prevenção a Aids e faz um alerta ao governo brasileiro.

"O Brasil está caminhando para a mesma encruzilhada em que a Tailândia se encontra. Você precisa olhar os usuários, criar uma forma para que não procurem o submundo para compartilhar uma seringa entre dez pessoas, porque estão com medo de procurar ajuda."
A representante da Unaids tocou em um dos pontos mais polêmicos e sensíveis sobre o tratamento e prevenção a Aids: o reconhecimento e tratamento de usuários de drogas injetáveis.

Em alguns países, os usuários podem procurar centros de tratamento onde recebem seringas e atendimento, evitando que compartilhem agulhas e, conseqüentemente, estejam mais expostos à contaminação pelo vírus HIV.

"Você precisa criar uma situação em que os usuários procurem ajuda de servicos de prevenção sem medo de ser presos, porque você quer salvar a comunidade toda."

"A gente espera que o Brasil forneça esse modelo de novo. É um novo desafio. Como eu disse, a epidemia está sempre mudando e evoluindo. Por isso, é que nós não a conseguimos conter."

Relatório
O Brasil, segundo a Unaids, concentra um terço dos casos de Aids da América Latina.

O relatório alerta para o fato que a transmissão através do uso de drogas injetáveis "não pode ser subestimada".

Em algumas áreas, segundo a Unaids, a transmissão do vírus HIV entre usuários de drogas representa pelo menos a metade dos casos de Aids.

Em 2003, por exemplo, o número de casos de contaminação entre usuários de drogas injetáveis em Porto Alegre representava 64% do número de casos na cidade.



CLAUDIA SILVA JACOBS
da BBC Brasil

   
 
 
 

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