Em almoço realizado ontem
com líderes de partidos aliados ao governo no Congresso,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que 2004
não será o ano de seus "sonhos" na
economia. Admitiu que o governo cometeu "erros"
por inexperiência. E prometeu mudar o ministério
a partir de 6 de janeiro.
Em discurso de 20 minutos, Lula disse que creditava os "erros"
do governo à falta de convivência" de alguns
ministros com o Executivo. "Muita gente tinha experiência
de Legislativo, de oposição", de acordo
com relatos de líderes. Depois, em conversas reservadas,
disse que "escalará o time (reforma ministerial
na qual abrirá duas vagas para o PMDB) a partir de
6 de janeiro".
Ao dizer que em 2004 não poderá fazer ainda
tudo aquilo que deseja, sempre segundo relato de líderes,
o presidente afirmou que o ano que vem será "melhor"
do que 2003. "O ano que vem ainda não será
o dos meus sonhos. Ainda não dá para fazer tudo
o que a gente gostaria, mas será melhor do que este
ano", disse Lula.
Lula surpreendeu os presentes ao dizer que esse esforço
objetiva fazer o governo obter em 2005 um "superávit
nominal" – quando a receita supera a despesa, incluindo
o gasto com juros da dívida pública.
Lula disse ainda que não enviará a reforma
trabalhista ao Congresso em 2004 por ser "complicado"
fazê-la em ano eleitoral. Aconselhou seus aliados a
fazer "a reforma política".
Lula pediu ainda que os líderes tentem aprovar no
Congresso as reformas sindical, que será descasada
da trabalhista por ser menos impopular, e do Judiciário.
Lula agradeceu o Congresso pela aprovação das
reformas da Previdência e tributária. "Nunca
o Congresso trabalhou tanto como neste ano", disse, sempre
segundo a versão dos líderes.
O presidente afirmou que nem ele acreditava na aprovação
das duas reformas em 2003. "Deus foi generoso comigo
a vida toda, mas esse ano em especial. Aprovamos em um ano
as duas reformas", disse. Ambas avaliações
foram repetidas em discurso à tarde.
As metáforas que costumam ilustrar os discursos do
presidente ficaram reservadas a uma roda de líderes,
em conversa informal. Ao justificar as medidas duras deste
ano, disse: "Lá em casa nenhum dos meus meninos
teve paralisia infantil, porque, mesmo chorando, tomavam vacina".
O almoço aconteceu em clima descontraído. Um
dos ministros presentes, Antonio Palocci Filho, arrancou gargalhadas
ao perguntar a Lula se sabia a piada que faziam a respeito
dele, o titular da Fazenda. "Disseram que eu enviei cartões
desejando feliz Natal e próspero Ano Novo aos ministros.
Mas um amigo me disse que era impossível. Eu poderia
desejar feliz Natal ou próspero Ano Novo, jamais os
dois ao mesmo tempo, porque nunca entregaria", gracejou
Palocci.
As informações são
da Agência Folha.
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