Ao lado da estabilização
nos últimos anos do índice de novos casos de
Aids confirmados no Brasil, o Ministério da Saúde
vem registrando um avanço da doença entre homens
heterossexuais.
O último balanço, divulgado ontem em Brasília,
mostra que, entre os homens, a relação heterossexual
é a principal forma de transmissão do HIV, vírus
causador da Aids, enquanto vêm caindo os registros por
drogas injetáveis e relações homossexuais.
Em 2000, a incidência de Aids entre os homens heterossexuais
era de 60%. Atualmente, supera 65% das notificações.
"Esse aumento é preocupante. Os medicamentos
que corrigem disfunção erétil estão
permitindo que pessoas com mais idade pratiquem sexo. E há
uma tendência de que essas pessoas não usem proteção
[preservativo]", afirmou o ministro Humberto Costa (Saúde),
para explicar um dos motivos do avanço da doença
entre heterossexuais masculinos.
Com o objetivo de atingir esse público, o Ministério
da Saúde lançará uma cartilha dirigida
a homens com idade entre 40 e 50 anos, visando incentivar
o uso do preservativo. O personagem será o Gatão
de Meia Idade, do cartunista Miguel Paiva. Serão 300
mil exemplares distribuídos em estádios de futebol,
fábricas, canteiros de obras e portos, entre outros.
Além disso, haverá um aumento na distribuição
de preservativos masculinos no próximo ano, passando
de 300 milhões de unidades/ano para 400 milhões.
O governo incentiva, por meio da campanha Fique Sabendo,
o aumento do número de testes de HIV no país.
Estima-se que cerca de 400 mil brasileiros possam ter o vírus
sem saber. Para o diretor do Programa Nacional de DST-Aids,
Alexandre Grangeiro, o desafio é conscientizar a população
de que relações estáveis não significam
proteção contra a doença.
Desde 1980, quando o governo começou a contabilizar
os dados da doença, até setembro deste ano,
foram 277.141 casos. As mortes ocasionadas pela Aids no mesmo
período chegaram a 138 mil.
A epidemia se estabilizou no Sudeste e no Centro-Oeste, mas
apresenta tendência de aumento no Sul, no Norte e no
Nordeste.
O ministro da Saúde ressaltou duas boas notícias
em relação à doença: 1) redução
em torno de 30% entre 1997 e 2001 dos casos de transmissão
vertical (da mãe para o filho) do HIV; e 2) uma virtual
eliminação da transmissão por transfusões
de sangue. Em relação às mulheres, a
principal forma de transmissão do vírus continua
sendo a relação sexual.
Luciana Constantino,
da Folha de S.Paulo.
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