São Paulo - A combinação de mensalidades
altas com estudantes sem dinheiro paga pagá-las gerou
um fenômeno recente no País: o financiamento
privado do ensino superior.
Lançados há cerca de um ano e meio, os créditos
educativos oferecidos por empresas particulares, por intermédio
da própria universidade, já estão presentes
em 18% das instituições, segundo pesquisa da
CM Consultoria realizada em junho com 86 universidades privadas.
De acordo com a pesquisa, as universidades particulares afirmam
que esse crédito alternativo ajuda a combater a inadimplência,
que está torno de 25%, segundo o Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado
de São Paulo (Semesp).
Já os alunos conseguem cursar a faculdade e começam
a pagar a dívida um ano após terem se formado,
dividindo a prestação em muitos anos.
Aumento de vagas
A adesão a esses planos, segundo as próprias
instituições, é explicada pelo aumento
no número de vagas em faculdades particulares na última
década, o que atraiu alunos com poder aquisitivo mais
baixo. Somado a isso, o Financiamento Estudantil (Fies) do
governo federal, que cobre até 70% das mensalidades
de alunos carentes, atende apenas parte da demanda existente.
Cada financiamento tem suas regras, mas todos oferecem juros
mais altos do que os do Fies e mais baixos do que os bancários.
Enquanto o programa do governo cobra 9% ao ano, os financiamentos
privados trabalham com taxas que vão de 1,5% a 3,5%
ao mês - e os bancos utilizam índices que chegam
a 12% ao mês, dependendo do tipo de crédito e
da instituição.
O processo é rápido se o aluno estiver com
a documentação em dia: em cerca de duas semanas,
o contrato é assinado. Pelo Fies, é preciso
esperar abrir a concorrência para as vagas, provar a
falta de recursos para as mensalidades e esperar o resultado
da seleção.
Opções
A Ideal Invest, por exemplo, cobre até 35%
do valor da mensalidade com juros de 1,5% ao mês. A
empresa iniciou o programa em fevereiro do ano passado e hoje
atende 75 faculdades em 15 Estados. O aluno financia a dívida
em até 12 anos.
Uma das cadastradas no Ideal Invest é a Faculdade
Ibmec de São Paulo, que tem alunos no sistema. "É
um produto que ajuda na questão da inadimplência
e possibilita que alunos mais necessitados consigam entrar
imediatamente no ensino superior. Firmamos contrato em maio
do ano passado e até agora está funcionando
bem", diz Márcio Jorge Maudonnet, gerente financeiro
da instituição.
A Fininvest, do Grupo Unibanco, também oferece uma
linha de crédito educativo para 10 mil clientes - o
empréstimo pode ser usado do ensino fundamental à
pós-graduação.
E o Semesp criou o Centro Brasileiro de Desenvolvimento do
Ensino Superior (Cebrade), cuja principal função
é administrar bolsas de estudo restituíveis.
"Administramos bolsas de 1% a 100% em diversas universidades
cadastradas.
Depois de um ano de formado, o beneficiado devolve esse dinheiro
para a instituição, pelo preço da mensalidade
na época em que ele for pagar", diz Marcos Pires
Valdízia, diretor executivo do Cebrade.
As informações
são da Agência Estado.
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