Apenas seis meses depois da conclusão da licitação
do novo sistema de transportes de São Paulo, a prefeitura
já teve de rescindir o contrato com um dos oito consórcios
de ônibus vencedores.
A empresa descredenciada, a SPBus,
havia ganho a área 4, responsável pela zona
leste (que inclui Vila Matilde, Parque do Carmo e Cidade Tiradentes).
De acordo com o secretário
dos Transportes, Jilmar Tatto, o consórcio não
cumpriu as metas de renovação da frota previstas
no edital de licitação. "O empresário
não comprou nenhum ônibus novo, e os que estavam
em operação tinham pneus carecas, colocando
em risco a vida da população", disse. Pela
regra, a SPBus tinha de comprar 150 ônibus.
A concessão tinha prazo de
dez anos e foi decidida em julho de 2003. A licitação,
que se arrastou por dois anos, teve valor total de R$ 12,3
bilhões. Os vencedores foram praticamente os mesmos
que operavam antes, pois quase não houve concorrência.
Com o descredenciamento da SPBus,
os outros sete consórcios vão assumir a área
em um primeiro momento, o que despertou no setor o temor de
que os empresários José Ruas Vaz e Belarmino
Marta ampliem ainda mais seus domínios sobre o sistema.
Atualmente, os dois já são responsáveis
por cerca de 50% dos 10 mil ônibus da capital paulistana.
O secretário Tatto afirmou
que "provavelmente" será feita uma nova licitação
para essa área da zona leste, depois de um determinado
prazo.
Tatto afirmou que foram realizadas
duas vistorias na SPBus em janeiro, uma no começo e
outra no final do mês. Na primeira, apenas um ônibus
foi aprovado, entre 283 analisados. Na segunda, ainda havia
200 veículos fora das regras, de uma frota de 670.
O secretário disse que, desde
o final de semana, foram colocados para rodar nessa região
200 ônibus novos e outros 95 semi-novos (produzidos
de 2001 em diante).
"O empresário entrou na
licitação, cumpriu todos os procedimentos do
ponto de vista legal e tinha um prazo para renovar. Ele achava
que ia continuar tudo como era antes. Até porque tinha
um contrato a longo prazo, ficou ganhando tempo, não
sei o que passava pela cabeça dele."
Além de não renovar
a frota, a empresa não cumpria as viagens programadas,
segundo a prefeitura. Pelos dados de Tatto, a SPBus fazia
apenas 83% das partidas combinadas.
A assessoria de imprensa do SP Urbanuss
(sindicato das empresas de ônibus) afirmou que não
iria se manifestar. A Folha não conseguiu ouvir a SPBus.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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