A prefeita Marta Suplicy propôs ao comitê
gestor da Coalizão Global para Mulheres e Aids, em
reunião inaugural do grupo ontem em Londres, uma diretriz
internacional garantindo a distribuição gratuita
de microbicidas de uso feminino -tecnologia auxiliar de prevenção
da HIV que pode ser desenvolvida nesta década.
"Eu acho que os microbicidas
são tão importantes quanto a camisinha para
as mulheres. Eu sugeri que nós não podemos deixar
isso ser vendido. Temos que lidar com essa questão
de patentes e tudo mais. Tem que ser distribuído pelos
governos", disse Marta, em entrevista à Folha.
A prefeita foi apontada pelo diretor
do Unaids (órgão das Nações Unidas
para Aids), Peter Piot, como exemplo de liderança feminina
mundial. "Contamos com a participação da
prefeita de São Paulo, a quarta maior cidade do mundo",
disse Piot.
O comitê é formado por
28 personalidades internacionais que passarão a atuar
como embaixadores mundiais do combate à Aids e da defesa
dos direitos da mulher. Além de Marta, participam da
iniciativa a ex-presidente da Irlanda e ex-comissária
da ONU para Direitos Humanos, Mary Robinson, e a atriz Emma
Thompson, entre outros.
Microbicidas
Um dos principais problemas a serem enfrentados, de acordo
com a coalização, é a dificuldade que
as mulheres têm de pedir que seus parceiros usem camisinha.
Nesse contexto, os microbicidas
seriam uma ferramenta feminina. O formato pode ser gel, esponja,
lubrificante, supositório ou filme. Porém a
primeira geração de microbicidas depende ainda
de investimentos em pesquisa -até 2002, foram US$ 343
milhões.
A prefeita se recusou a comentar
os casos de irregularidades na Secretaria da Saúde
divulgados neste final de semana. Segundo ela, não
resta mais nada a dizer sobre o e-mail enviado pelo secretário
Gonçalo Vecina Neto a 30 mil funcionários pedindo
apoio para a reeleição nem sobre as contratações
irregulares de familiares feitas por Fábio Mesquita,
coordenador de desenvolvimento da gestão descentralizada.
LEILA SUWWAN
Free-lance para a Folha de S. Paulo, de Londres
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