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trânsito
12 /05/2004

CET expurga índice de congestionamento em SP

Num ano repleto de interdições viárias em razão do "canteiro de obras" montado pela Prefeitura de São Paulo, os motoristas estão com menos informações para se orientar no trânsito paulistano e os dados oficiais dos congestionamentos chegam a ser menores que a média de anos anteriores.

A explicação para esse cenário contraditório não é nenhum milagre da engenharia de trânsito. Ele se deve à redução de vias monitoradas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), ao corte de funcionários responsáveis pela medição dos engarrafamentos e à quebra de câmeras.

A CET se recusou, nos últimos três meses, a fornecer dados que dimensionem essa situação. Mas um balanço oficial da empresa revela que, somente de 2000 a 2002, caiu mais de 12% -de 545 km para 477 km- a extensão de vias observadas por operadores de PAC (Posto Avançado de Campo) -que, de binóculos, trabalham em cima de edifícios monitorando a circulação e transmitindo informações do trânsito.

Os PACs são a principal forma de a CET medir a lentidão na capital paulista. Esses operadores passam os dados das condições de tráfego à central de operações, que registra tudo em um mapa e faz a soma a cada 30 minutos.

Esse critério de aferição, adotado há mais de dez anos, nunca teve a pretensão de atingir os mais de 15 mil km de vias paulistanas. A área de observação sempre esteve concentrada no centro expandido. Mas, nos últimos quatro anos, até alguns desses postos têm sido excluídos pela empresa.

A quantidade de PACs ativados diariamente pela CET já passou de 50 por período -manhã e tarde. Hoje varia entre 30 e 35. Os funcionários nessa função, que já beiraram 120, somam agora 87, dos quais nem todos atuam sempre, já que eles também tiram férias e sofrem remanejamentos.

Dentre os PACs desativados pela administração Marta Suplicy (PT) estão alguns em áreas complicadas de trânsito. Um deles, localizado num prédio da avenida Angélica e que observava a rua da Consolação, entre a rua Piauí e a av. Paulista, está sem funcionar desde os últimos meses de 2003.

O posto de observação que ficava em cima do edifício da Câmara Municipal, na região central, também foi desativado neste ano.

Nas marginais Tietê e Pinheiros, onde já funcionaram nove PACs no final dos anos 90, dois acabaram cortados de lá para cá: a medição que era feita nas pontes Vila Maria e Vila Guilherme não existe mais, indicando uma redução de até 12 km na área observada.

É por esses motivos que os indicadores oficiais de congestionamento da CET têm sofrido queda -embora a frota paulistana receba mais de 400 veículos novos por dia e as interdições viárias em trechos críticos tenham aumentado, incluindo avenidas como Rebouças, Cidade Jardim, Brigadeiro Faria Lima e Nove de Julho.

História
A Folha recolheu dados da CET em uma semana de abril de 2004 e identificou que a lentidão divulgada beirava 80 km nos picos da manhã e 120 km nos da tarde. A empresa não divulga mais, desde março, as médias de congestionamento de períodos anteriores.

Indicadores arquivados pela reportagem, entretanto, mostram que esses números são inferiores aos de abril de 2000 e 2001, por exemplo -de 81 km e 128 km e de 92 km e 123 km, respectivamente.

As mudanças na medição dos engarrafamentos não afetam apenas os dados oficiais e que ficarão registrados na história da CET.

Elas interferem diretamente na vida dos motoristas que se orientam pelas informações veiculadas em emissoras de rádio ou pela internet. Esses paulistanos correm sério risco de sair às ruas com tranqüilidade e imaginar um trânsito "suportável" ao saber que há "apenas" 172 km de lentidão -a maior marca deste ano, registrada na quinta-feira passada.

Esse índice é bastante inferior aos recordes históricos sempre divulgados pela CET: 242 km, em 28 de junho de 1996, e 239 km, em 2 de julho de 1999. Por trás dessa "redução", entretanto, está a queda de vias monitoradas, e não uma real melhoria da fluidez.

O impacto negativo no trânsito é um tema que incomoda representantes da prefeitura por causar desgaste perante a classe média usuária de automóvel.
Em março deste ano, a prefeita Marta Suplicy chegou a admitir publicamente uma piora no trânsito por conta das obras viárias. As declarações foram minimizadas nos dias seguintes, e, como nos meses anteriores, a CET voltou a divulgar que as médias de lentidão estavam em queda.

Câmeras
Além dos PACs, a CET costumava incluir nos índices de lentidão informações transmitidas pelas câmeras instaladas na capital paulista e por marronzinhos.

Levantamento feito no mês passado, a pedido da Folha, por um funcionário da empresa que não quer se identificar para evitar represálias, apontava que 60% das mais de 200 câmeras da CET estavam desativadas.

O diretor de operações da empresa, Irineu Gnecco Filho, admitiu ontem, em entrevista ao "SPTV", da TV Globo, que 50% delas estão sem funcionar, por não haver contrato de manutenção e conserto dos equipamentos.

As obras da Prefeitura de São Paulo também têm interferido nos resultados finais de medição. Com os bloqueios em vias importantes, os desvios não são contemplados na observação.

Um exemplo é a rua Sampaio Vidal, uma das principais rotas de desvio do trânsito da avenida Rebouças, interditada no começo deste ano para a construção de uma passagem subterrânea no cruzamento com a Faria Lima.

Esse desvio não consta entre as vias relacionadas no mapa da CET com algum tipo de lentidão nas últimas semanas. Ou seja: um trecho da Rebouças fica oficialmente sem trânsito por estar interditado; e a via para onde os veículos foram desviados fica oficialmente sem trânsito por não estar no campo de observação do PAC.


ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

 
 
 

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