Vanessa Sayuri Nakasato
Caiu em mais de 50% o índice
de furtos nas escolas municipais de São Paulo, segundo
a Secretaria Municipal de Educação. O motivo,
conforme o órgão, são os programas de
prevenção à violência feitos há
quase três anos nas instituições de ensino
da capital.
No ano 2000, foram registrados 242
furtos; 177 em 2001; 199 em 2002 e, até abril deste
ano, apenas 10. Tudo isso considerando o aumento de 323 escolas
municipais nesse período em São Paulo.
Os programas Educom.rádio,
que utiliza a comunicação para desenvolver questões
relacionadas à cidadania, e o Escola Aberta, oficinas
artísticas e esportivas promovidas por voluntários
nos finais de semana nas escolas, são considerados
os responsáveis pela queda da estatística.
Ambos são destinados ao Ensino
Fundamental e estão inseridos no Projeto Vida. Trata-se
de um setor criado pela Secretaria Municipal de Educação
para cumprir a Lei 13.096/00, do vereador Carlos Neder (PT),
que determina os programas preventivos no âmbito escolar.
De acordo com a secretaria, mais de
10 mil pessoas já passaram pelos programas nos dois
anos e meio e existência. O Educom.rádio esteve
em 264 escolas e o Escola Aberta, em 330. A previsão
é que, até o final de 2004, as 455 escolas de
Ensino Fundamental recebam um estúdio de rádio
e tenham suas portas abertas aos sábados para alunos,
pais e comunidade.
A secretária municipal de Educação,
Cida Perez, ressalta que, embora os números comprovem
somente a diminuição dos furtos, também
houve redução de depredações de
prédios escolares, pichações e agressões
físicas contra professores e próprio alunos.
Para ela, os programas trazem bons
resultados porque trabalham com a auto-estima da criança
e do adolescente. Os estudantes passam a se expressar e a
conviver melhor em grupo, ficam mais criativos, predispostos
e interessados em aprender. Além disso, muitos alunos
acabam descobrindo seus talentos nas oficinas e, em cima disso,
constróem seus objetivos de vida.
"Recebemos alguns jovens em liberdade
assistida no Educom.rádio. Todos chegaram querendo
destruir tudo. Com o passar do tempo, se envolveram de tal
forma que passaram a imitar os padrões das grandes
rádios e a fazer programas de cunho social", orgulhou-se.
Supervisor do Educom.rádio,
o professor da Escola de Comunicação e Arte
da USP, Ismar Oliveira Soares, conta que a maioria dos programas
criados pelos jovens discutem a exclusão social, a
violência urbana, as drogas e até o governo.
"Graças aos resultados positivos, o programa será
implantado em 70 escolas do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
e Goiás, no ano que vem", revelou ele ao GD.
Para o vereador Carlos Neder,
além de oferecer uma alternativa aos estudantes de
escolas municipais, os programas fazem com que os alunos descubram
os problemas da sociedade e passem a ser protagonistas em
sua comunidade. "Estamos formando líderes e abrindo
um mercado de trabalho para esses meninos", enfatizou.
O vereador quer transformar os dois programas em leis até
dezembro de 2004.
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