A prefeita Marta Suplicy anunciou
ontem de manhã e o diretório municipal do PT
confirmou à tarde: não haverá prévia
para escolha do candidato petista em São Paulo. A pré-candidatura
do economista Plínio de Arruda Sampaio Júnior,
articulada por setores não-alinhados com o Palácio
das Indústrias, não foi aceita. Parte das mais
de 1.300 assinaturas estaria irregular.
Segundo o deputado estadual Ítalo
Cardoso, presidente do diretório, 433 nomes não
têm condições de voto nem constam de lista
pedida ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). “Pelo diretório
municipal, o único nome oficial na disputa é
o da prefeita Marta.” De manhã, ela havia adiantado
a decisão: “Eles não conseguiram (as assinaturas)
e o assunto está encerrado.”
O grupo de apoio ao economista tentou
reunir a assinatura de 5% dos filiados – equivalente
a 1.256 nomes. A lista tinha 1.380, mas três signatários
apresentaram carta pedindo para o nome ser retirado. Na semana
passada, Sampaio disse temer que a pressão do Campo
Majoritário – grupo comandado pela Articulação,
dos caciques petistas, como o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o ministro José Dirceu, além
da própria prefeita – fizesse alguns militantes
não assinarem ou mudarem de idéia.
Sampaio disse que vai recorrer ao
diretório estadual e, se preciso, ao nacional. Ele
tem três dias para isso. “Pode ter ocorrido algum
cadastro irregular, mas queremos provas disso. Não
tivemos acesso aos nomes”, protestou. Ítalo prometeu
entregar a lista hoje.
“A impressão é
que a prefeita está fugindo do debate”, disse
o vereador Carlos Giannazi, que apóia Sampaio e no
ano passado chegou a ser expulso do partido. Segundo Ítalo,
o próprio economista e seu pai, Plínio de Arruda
Sampaio, não estavam na lista do diretório.
Debate – Para concorrer, ele
teria de regularizar a situação até sexta-feira
e os militantes, em 2002. “É possível
alguém ter se cadastrado em Diadema e achar que pode
participar da decisão aqui”, disse Ítalo.
A polêmica sobre as prévias
já chegou à cúpula petista. O presidente
nacional do PT, José Genoino, tem defendido a não-realização
de prévias onde o PT é governo. “O povo
é mais sábio que a gente imagina. Não
pode ser uma prévia artificial e, quando o PT derrota
um candidato que vai defender o governo dele, o povo pensa
duas vezes.”
O secretário de Organização
do PT, Silvio Pereira, também explicou a questão
de nomes na lista de Sampaio. “Aprovamos hoje (ontem)
que quem não se recadastrou perde os direitos de filiado.
A decisão teve apoio da esquerda do PT.”
O presidente da Câmara,
João Paulo Cunha, disse que, quando o partido tem mais
de um nome para a disputa, há o direito de fazer prévias.
Mas ele evitou dizer se apóia a pré-candidatura
de Sampaio.
BÁRBARA
SOUZA
(Colaboraram Conrado Corsalette, Flávio Mello e Iuri
Pitta)
Do jornal O Estado de S. Paulo
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