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A construção de mais
um museu, um auditório, o fim dos shows na Praça
da Paz e a incorporação do Obelisco são
algumas das principais mudanças previstas no Plano
Diretor do Parque do Ibirapuera, mas ainda são projetos
desconhecidos pelos freqüentadores. Na segunda-feira,
em audiência pública sobre o plano, o secretário
municipal do Meio Ambiente, Adriano Diogo, disse que pode
fazer reuniões no parque. “Queremos lançar
as informações ao vento.”
Os freqüentadores ainda têm
dúvidas. Para a biomédica Lilian Carlik, o auditório,
com capacidade para 840 pessoas, que representa a conclusão
do projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, pode tirar mais verde
da área. “Parque é lugar de criança,
cachorro e esportistas”, afirmou.
Segundo Diogo, não haverá
perdas. “A compensação será grande.
Vamos incorporar o Obelisco ao parque, num ganho de 67 mil
metros quadrados de espaço verde. Além disso,
com a retirada de calçadas e dos estacionamentos, o
Ibirapuera ganha mais área permeável.”
O casal Altamir Tibes e Eliane, que
leva o filho Guilherme ao parque pelo menos uma vez por semana,
se surpreendeu ao saber das interferências. “Guilherme
adora os patos, os pombos e as árvores. Acho que não
podem mexer no Ibirapuera sem debater as obras com a gente”,
diz Eliane.
Polêmicas
Na audiência pública de segunda-feira, a representante
da Sociedade Amigos dos Jardins América, Paulista e
Paulistano (Sajep), Patrícia Coelho, foi uma das pessoas
que questionaram o projeto. “Não sou contra a
construção, mas gostaria de ter um estudo de
impacto ambiental do auditório e do entorno.”
O Ministério Público
Estadual (MPE) investiga o acordo entre a Prefeitura e a empresa
TIM para a construção do auditório. Desde
que anunciou a disposição em dar início
às obras, a administração municipal está
enfrentando uma batalha na Justiça. A última
liminar, derrubada em julho pelo Município, havia sido
obtida pelo MPE sob a alegação de que a obra
traria prejuízos ambientais.
O destino do Pavilhão Manoel
da Nóbrega ainda é polêmico. A Prefeitura
quer fazer ali o Museu AfroBrasil, em homenagem à cultura
negra. Mas o prédio é do Estado. Segundo o secretário
da Casa Civil, Arnaldo Madeira, a prefeita Marta Suplicy e
o governador Geraldo Alckmin já conversaram sobre o
interesse do Município. “Mas o governador explicou
que o Museu de Arte Contemporânea também reivindica
o espaço. Ele prometeu estudar a possibilidade de transferência
à Prefeitura, mas ainda não há uma definição”,
disse.
Enquanto a questão do espaço
não se define, já há cerca de 700 peças
do acervo particular do curador Emanoel Araújo, ex-diretor
da Pinacoteca do Estado, para o novo museu. Ele vai ser responsável
pelo museu, que ainda não tem data para ser inaugurado.
“Haverá projetos ligados ao tema, mas também
cursos e workshops, buscando a inclusão social.”
Segundo a museóloga Maria
Ignez Mantovani Franco, se o prédio for repassado à
Secretaria Municipal de Cultura, logo começam as obras
de adaptação para o museu.
BÁRBARA SOUZA
Do jornal O Estado de São Paulo
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