A
falta de dinheiro para pagar a passagem de ônibus e
o difícil acesso ao transporte coletivo em São
Paulo fazem com que 31% das viagens diárias na Capital
sejam feitas a pé pela população. Isso
significa que dos 20 milhões de deslocamentos realizados
na cidade diariamente, 6,2 milhões são feitos
gastando a sola do sapato.
As informações fazem
parte do “Circular em São Paulo”, publicação
de cinco volumes lançada ontem pela Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET) que reúne diversos dados de
pesquisas recentes sobre mobilidade e infra-estrutura viária
na cidade.
Segundo o presidente da CET, Francisco
Macena, grande parte das pessoas que se locomovem a pé
são de baixa renda, ou seja, pertencem às classes
D e E. “Podemos dizer que pelo menos metade da população
das classes D e E em São Paulo não consegue
ter acesso ao transporte coletivo.”
De acordo com os dados colhidos, 60%
das pessoas que ganham até R$ 500 em São Paulo
fazem menos de uma viagem por dia, ou seja, não conseguem
usar o transporte coletivo ou o automóvel para se locomover
em São Paulo.
A falta de mobilidade é pior
no extremo das zonas Leste e Sul. Em bairros como Lageado,
Cidade Tiradentes e Guaianazes, na Zona Leste, e Parelheiros,
na Zona Sul, o índice de mobilidade varia entre 0,87
e 1,12, menos de uma viagem por dia. “É um quadro
alarmante de exclusão”, afirma Macena.
A Prefeitura de São Paulo e
de outros municípios participam de um movimento nacional
para obter recursos do Governo federal para subsidiar o transporte
coletivo. Segundo Macena, é uma tentativa de baratear
a tarifa e incluir a população de baixa renda
no sistema de transporte.
O secretário municipal dos
Transportes, Jilmar Tatto, voltou ontem a cobrar agilidade
do Governo estadual para que sejam instalados validadores
eletrônicos nas estações de trens e Metrô,
para integrar o sistema de transporte da cidade e ampliar
o uso do bilhete único.
O secretário estadual
dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, rebateu
dizendo que espera, há 40 dias, que a Prefeitura forneça
documentos com informações sobre os aparelhos.
Ele quer saber também como a administração
municipal pretende ressarcir o Governo estadual pelas passagens
de Metrô e trem no processo de integração.
REGINA TERRAZ
do Diário de S.Paulo |