O município
de São Paulo tem apenas 9.300 das 50 mil guias rebaixadas
necessárias para se tornar uma cidade acessível
— com equipamentos públicos e privados em rotas
de fácil acesso para pessoas portadoras de deficiência
física ou com mobilidade reduzida. A conclusão
é da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA),
da Secretaria Municipal da Habitação.
Segundo a Prefeitura, pela primeira
vez a cidade terá em seu orçamento uma verba
destinada ao rebaixamento de guias. Serão R$ 3 milhões
do orçamento do ano que vem — o que representará
cerca de 5 mil novas calçadas rebaixadas.
Os dados foram divulgados durante
o lançamento do Guia para Mobilidade Acessível
em Vias Públicas, destinado a profissionais de projetos
urbanos. “É como uma receita de bolo de como
podemos transformar a realidade das vias públicas para
que sejam acessíveis a todos”, disse Edison Passafaro,
secretário executivo da CPA.
De acordo com o município,
os 9.300 rebaixamentos de guia existentes na cidade foram
feitos pela atual gestão, a partir de 2001. Segundo
Gustavo Partezani, arquiteto da CPA, antes dessa data os rebaixamentos
não eram catalogados. “Eram feitos de qualquer
maneira. Os próprios munícipes faziam”,
declarou, ressaltando que muitos rebaixamentos não
seguiam um padrão de dimensão, inclinação
e sinalização.
Segundo Partezani, com 50 mil guias
rebaixadas, São Paulo atingiria o chamado nível
1 de acessibilidade: com grandes prédios de serviços
e de atendimento dentro de rotas acessíveis. O nível
2 significaria um transporte público coletivo acessível
e interligado aos prédios e serviços da cidade.
O último estágio, o nível 3, seria o
de uma cidade considerada totalmente acessível.
Rampas pré-fabricadas
Os 5.000 rebaixamentos de guia previstos para o próximo
ano deverão ser feitos com rampas pré-fabricadas,
um modelo desenvolvido pela CPA em uma tentativa de ampliar
e de padronizar o número de guias na cidade.
Por ser pré-fabricada,
a rampa dura mais, é mais barata e sua instalação
também é mais rápida do que a dos rebaixamentos
tradicionais, feitos no próprio calçamento.
A rampa já vem inclusive com piso tátil (de
material rígido e antiderrapante, para auxiliar os
portadores de deficiência visual). Os primeiros modelos
da rampa, desenvolvidos em parceria com a Associação
Brasileira de Cimento Portland, foram instalados na Rua João
Cachoeira, no Itaim-Bibi. Cada rampa custou cerca de R$ 700,
mas a previsão é de que o custo baixe, com a
produção em escala.
PATRÍCIA EVELYN
do Diário de S.Paulo
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