A cada
20 minutos, um caminhão quebrado atrapalha a fluidez
do trânsito de São Paulo. E, de três a
quatro vezes por dia, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
é obrigada a fazer interferências em ruas e avenidas
por conta de cargas espalhadas na pista, tombamentos ou excesso
de altura desses veículos pesados.
Os dados
-parte de um estudo feito em novembro pela CET- apontam ainda
que, embora representem perto de 15% da frota que circula
diariamente nas marginais Pinheiros e Tietê (e 3% do
total de veículos registrados em São Paulo),
os caminhões respondem por 37% dos veículos
quebrados socorridos nessas vias.
Segundo
estimativas dos engenheiros da CET, um veículo quebrado
e parado nos picos por 15 minutos, nas marginais ou no corredor
da avenida 23 de Maio (que liga as zonas norte e sul da capital
paulista), é suficiente para causar, em média,
3,5 km de lentidão -extensão superior à
da avenida Paulista inteira. O tempo médio para a chegada
dos agentes de trânsito é hoje de 12,2 minutos.
Somente
nesta semana, São Paulo teve três acidentes graves
com caminhões que trouxeram problemas ao trânsito.
O último aconteceu às 22h de anteontem, quando
um caminhão que transportava dióxido de carbono
(CO2, que não é tóxico) tombou na pista
expressa da marginal Pinheiros, no sentido Interlagos-Castello
Branco. O motorista ficou preso nas ferragens, houve focos
de incêndio e interdição das faixas por
mais de seis horas.
Na manhã
do mesmo dia, houve outros dois acidentes graves envolvendo
caminhões -na 23 de Maio, um cilindro metálico
que estava na caçamba de um caminhão caiu; na
marginal Tietê, uma carreta com lixo tombou.
Só
em novembro houve oito tombamentos de carretas atendidos pela
CET. Em outros 73 casos, houve queda de carga na pista.
O presidente
da CET, Francisco Macena, atribui à falta de manutenção
as principais causas dos veículos quebrados. Entre
os caminhões a situação é pior
por causa da idade média da frota -que ultrapassa 18
anos.
O total
de veículos socorridos pela companhia em apenas um
mês ultrapassa 12 mil. Os principais problemas detectados
são os defeitos mecânicos (53%), elétricos
(12%) e pneus furados (8%).
"É
uma situação que será resolvida com a
inspeção veicular", diz Macena, referindo-se
à vistoria obrigatória prevista pelo Denatran
(Departamento Nacional de Trânsito) para começar
no final de 2004. Segundo ele, 35% da frota de SP poderá
ser reprovada.
A vistoria,
porém, poderá não barrar a chamada frota
"clandestina", formada principalmente por veículos
antigos, que não paga IPVA e roda irregularmente sem
licenciamento e sem pagar as multas. Ela beira 30%, diz a
CET.
ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo |