Se Lula conseguir
se reeleger, certamente um dos motivos será o Bolsa-Família.
E com uma boa dose de razão: ele foi responsável
pela expansão e melhoria gerencial desse programa que
está chegando hoje a cerca de 40 milhões de
brasileiros. Nunca, em toda a nossa história, tantos
pobres receberam tanto dinheiro do poder público, sem
intermediários. É das ações sociais
mais sofisticadas que já se lançaram no país,
apesar de todos os seus problemas, e seria uma desonestidade
tirar o mérito do presidente. Como está se transformando
em malandragem eleitoral o fato de Lula se apropriar desse
projeto como de sua autoria exclusiva.
Esse programa tem como origem o senador Eduardo Suplicy,
que fazia pregação solitária pela renda
mínima. Depois vieram as experiências de Campinas
(José Roberto Teixeira) e Brasília (Cristovam
Buarque), inaugurando uma série de ações
nas mais diversas cidades. Antônio Carlos Magalhães
aprovou o fundo de combate à pobreza, usado pelo então
ministro da Educação, Paulo Renato Souza, na
disseminação em escala nacional da bolsa-escola;
José Serra, então ministro da Saúde,
lançou o programa similar exigindo cuidados com os
filhos como contrapartida das mães que recebessem o
benefício. Criou-se uma ação apenas para
ajudar a tirar as crianças do trabalho infantil, assim
como estímulos para a juventude.
Marta Suplicy, quando prefeita, misturou os vários
recursos federal, estadual e municipal, fazendo uma bolsa
mais gorda, atingindo cerca de 200 mil famílias; nada
parecido tinha disso realizado numa região metropolitana.
Daí que a verdade é que tanto PSDB e PT, digladiando-se
hoje na disputa presidencial, deveriam reconhecer que o Bolsa-Família
não tem dono. Pedir isso pode parecer ingenuidade,
mas seria uma honestidade com a história.
Coluna originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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