A principal novidade eleitoral do
presidente Lula é ter apresentado a educação
como a sua prioridade número um. Talvez seja apenas
uma proposta de palanque, mais uma daquelas obras de marqueteiros,
sem que saibamos de onde vai sair o dinheiro e quais os programas
que seriam implementados; o presidente, afinal, tem um histórico
de programas sociais desastrados.
Mas é um avanço um candidato à Presidência,
com tamanha chance de vitória, afirmar que a educação
não é uma das prioridades, mas a prioridade.
Isso porque o grande projeto de nação brasileira
só pode ser o projeto de inclusão pelo conhecimento,
o que significa a melhoria da escola pública. Isso
é muito mais importante do que sair por aí distribuindo
bolsas que, sem a contrapartida da educação
de qualidade, vão representar uma crônica esmola.
O acerto mercadológico de Lula está no fato
de que o Brasil está cada vez mais aberto a associar
a qualidade de ensino à redução da desigualdade
e ao aumento da competitividade econômica. É
um discurso unânime entre lideranças empresariais
e sindicais. É, portanto, a grande bandeira que restou
para uma nação nesses tempos de fim das utopias.
Se Lula vai se mostrar como a pessoa certa para carregar
essa bandeira ainda não sabemos, mas que é a
bandeira certa, isso é.
A educação de qualidade está para o
século 21, entre nós, como a abolição
da escravatura esteve no passado.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
|