Depois de
ser atacada pelo presidente Lula em seu discurso sobre a importância
do uso da camisinha, a Igreja Católica se defendeu
alegando que o estímulo a métodos contraceptivos
entre os jovens estimularia a permissividade sexual. Rechaçou
a acusação de hipocrisia lançada pelo
presidente, afirmando que se trata de uma posição
coerente com a idéia da Igreja sobre sexualidade, na
qual se prega a "responsabilidade" nos relacionamentos.
Eles têm razão: goste-se ou não é
uma posição coerente e deve ser respeitada,
uma vez que está baseada em valores e crença
em princípios religiosos.
O problema não é a cúpula da Igreja
fazer essa defesa. Como o catolicismo deve encarar métodos
contraceptivos é um problema dos católicos.
Os judeus ortodoxos têm uma série de valores
e crenças, muitos dos quais, em minha opinião
de judeu, são errados - mas não será
ninguém de fora do judaísmo que dirá
como devem se comportar os rabinos ou como deveria ser a nova
culinária kasher.
O problema é o Estado, laico, aceitar pressupostos
religiosos que orientam políticas públicas.
Que padres e bispos se posicionem contra a camisinha, eu entendo,
apesar de considerá-los retrógrados. Mas que
até agora o planejamento familiar tenha sido tão
tímido por causa da Igreja Católica é
uma irresponsabilidade coletiva - e, na minha opinião,
isso sim é um crime contra a vida.
Aborto reduz o
crime?
Coragem, aborto
e legalização das drogas
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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