Não
há dúvida de que tanto Geraldo Alckmin como
Marta Suplicy, os dois melhores colocados na pesquisa Datafolha
sobre as eleições à Prefeitura de São
Paulo, estão mais do que preparados para gerir a cidade.
Ambos não apenas têm boa experiência administrativa
como conhecem muito bem São Paulo, onde podem exibir
um histórico de obras importantes. Daí que a
força eleitoral não vem só do chamado
recall, a lembrança dos eleitores.
O problema é que eles não têm, neste
momento, como projeto de vida a prefeitura. O projeto maior
deles é a Presidência; Marta olha também
com atenção o governo estadual. O fato é
que, para eles, a prefeitura seria um trampolim, uma fase
para aglutinar forças.
A questão que se levanta é não a da
competência nem a das enormes chances eleitorais de
Alckmin e Marta, mas a da disposição dos eleitores
para votar num prefeito-tampão com mandato de dois
anos. Em 2010, eles certamente serão candidatos naturais
ao governo estadual --assim como seria um Gilberto Kassab
reeleito.
Quem acompanha os bastidores de São Paulo e vê
a crescente articulação comunitária sabe
que fazer da cidade, de novo, um trampolim é até
possível, mas vai provocar um enorme desgaste. Seria
demais repetir, em tão pouco tempo, o exemplo de Serra,
cujo maior projeto sempre foi e continua sendo o Palácio
do Planalto.
Vai-se exigir na campanha, e com muita ênfase, que
a primeira condição para ser prefeito de São
Paulo, seja ele quem for, é querer ser prefeito de
São Paulo.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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