Uma pesquisa
realizada pela ginecologista Albertina Duarte, professora
da USP (Universidade de São Paulo), constatou um crescimento
expressivo do consumo da chamada pílula do dia seguinte
para evitar a gravidez entre os adolescentes. Como um milhão
de adolescentes engravidam por ano Brasil, a maioria delas
(661 mil, para ser mais preciso) tornadas mães precoces
e as demais submetidas ao trauma do aborto, vemos a importância
dessa pesquisa.
Percebe-se que a adolescente, se puder, prefere postergar
a gravidez e, claro, evitar o doloroso aborto. Tal tendência
cresce ainda mais à medida que as jovens ficam mais
tempo na escola e tem planos de futuro. Dados recentes mostram
que na cidade de São Paulo o aumento da matrícula
no ensino médio corresponde uma redução
da taxa de gravidez precoce.
O resumo: raríssimas ações poderiam
custar tão pouco e gerar impactos sociais tão
rápidos como facilitar o acesso a métodos anticoncepcionais.
Reduziria, a curtíssimo prazo, a evasão escolar,
aumentaria a média, a renda das mulheres, e, a longo,
seria mais uma arma, entre várias, para combater a
violência.
Essas 661 mil mães precoces, milhares delas entre
10 a 14 anos, são parte do custo da ignorância
combinado com o medo dos governos em enfrentar dogmas religiosos
e a inoperância das redes públicas de saúde.
Pagamos isso em mortes.
PS - Mais
detalhes da pesquisa.
O Brasil do dia
seguinte
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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