As Forças
Armadas gastam cerca de R$ 3 milhões por ano para tratar
os militares com Aids no Brasil. A doença atinge 0,6%
do efetivo de 300 mil pessoas que atuam no Exército,
Marinha e Aeronáutica -mesmo percentual de prevalência
da síndrome na população brasileira.
Os dados foram divulgados ontem pelo contra-almirante médico
e diretor do departamento de saúde e assistência
social do Ministério da Defesa, Carlos Edson Martins
da Silva, durante o 5º Congresso Brasileiro de Prevenção
em DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis)
e Aids, realizado em Recife.
"É um gasto muito alto, principalmente se considerarmos
que o orçamento operacional total para as três
forças militares é de apenas R$ 4 bilhões
por ano", disse Silva.
O Brasil, diz ele, é o país que registra o
maior número de casos da doença entre militares
na América Latina. Nos quartéis brasileiros,
disse, a Aids atinge principalmente homens de até 39
anos.
As estatísticas, porém, revelam que o número
de novos casos nas Forças Armadas vem acompanhando
a tendência de desaceleração constatada
pelo Ministério da Saúde em todo o país.
Em 1992, foram registrados 110 casos da doença entre
os militares. Dez anos depois, em 2002, esse número
caiu para 22 e, no ano seguinte, para 16.
A quantidade de mortos por Aids também vem diminuindo.
Em 1995, 68 militares morreram em conseqüência
da síndrome. Em 2003, ocorreram 19 mortes e, neste
ano, 14 até agosto.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, foram
constatados 9.758 novos casos da doença em 2003. A
taxa média de mortalidade mantém-se há
três anos em 6,3 mortes por 100 mil habitantes.
Para tentar conter ainda mais a expansão da Aids nos
quartéis, os ministérios da Defesa e da Saúde
assinaram em março um protocolo de intenções
com a Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre HIV-Aids). O acordo prevê o investimento de US$
375 mil em dois anos, em ações educativas e
preventivas.
O trabalho tem como alvo cerca de 200 mil recrutas e jovens
militares com até 28 anos.
Teste por amostragem
As pesquisas sobre a incidência da Aids no meio militar
brasileiro inclui também trabalhos com os 1,7 milhão
de jovens que se alistam todos os anos no Exército,
Marinha e Aeronáutica.
De dois em dois anos, o Ministério da Saúde
realiza um levantamento, batizado de "Estudo Sentinela",
no qual promove testes de sorologia por amostragem em alistados
voluntários.
Segundo o assessor técnico do programa DST/Aids do
ministério, Sérgio D'Ávila, a última
pesquisa, feita em 2002 com 33.851 jovens, constatou 27 casos
positivos -uma prevalência da doença de apenas
0,088%.
Sífilis
Além da palestra sobre a Aids nas Forças
Armadas, o congresso, que termina hoje, expôs aos participantes
estatísticas consideradas "alarmantes" sobre
a incidência de outras doenças sexualmente transmissíveis
no Brasil.
De acordo com o presidente da comissão científica
do congresso, Mauro Romero Leal, o país registra 10
milhões de novos casos de DSTs por ano.
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha
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