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02/01/2004
Pobreza atinge 1 em cada 6 crianças da região de Ribeirão Preto

Uma em cada seis crianças e adolescentes está em situação de pobreza nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto (314 km a norte de São Paulo). Em três municípios - Taquaritinga, Bebedouro e Matão -, o contingente de excluídos supera a média verificada no Estado.

Em números absolutos, são 84.243 pessoas entre zero e 17 anos com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, o equivalente a 16,69% do universo pesquisado (504.618).

A constatação é baseada no "Relatório sobre a Situação da Infância e Adolescência no Brasil", publicado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em dezembro. "[A situação] É resultado de uma das maiores concentrações de riqueza do mundo, da falta de investimento do Estado em serviços sociais e da falta de participação dos cidadãos na implementação de políticas públicas", diz trecho do documento.

O estudo, um cruzamento dos dados do Censo de 2000 do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontou que a exclusão regional é inferior às médias nacional e estadual em sete dos dez municípios do entorno de Ribeirão Preto. A pobreza atinge 45% das crianças e adolescentes brasileiros. Em São Paulo, chega a 22,4%.

Entre os dez municípios mais populosos da região, estão abaixo dos dois índices, pela ordem: Jaboticabal (18,69%), Barretos (18,46%), Araraquara (17,6%), Sertãozinho (16,23%), Ribeirão Preto (15,17%), São Carlos (13,79%) e Franca (13,58%).

Curiosamente foi Franca, líder na região em trabalho infantil, a cidade com menor pobreza juvenil. "Pode ser que haja alguma relação [entre esses dois indicadores], mas não posso afirmar", diz Márcio Nalini, 41, secretário de Assistência Social de Franca.

A liderança do ranking é de Taquaritinga, onde 29,55% dos menores de 18 anos engrossam a estatística da pobreza. "Esse número é muito grande. Hoje em dia não é mais assim. Nossa última favela foi retirada em 1997", afirma a assistente social da Prefeitura de Taquaritinga Elba Salles, 41. De acordo com ela, um cadastro único de inclusão em programas sociais beneficiará 1.700 famílias.

Na sequência na listagem dos jovens excluídos está Bebedouro, com 25,20%. A cidade reflete um problema nacional, avalia Edméia Corrêa, 43, assistente social da prefeitura local. "O problema não é exclusivo da nossa região", diz ela, que vê a evolução da pobreza no país. "O pobre se torna miserável, e com o miserável a gente não sabe como fazer."

Em terceiro no ranking está Matão, com 22,77% de crianças e adolescentes pobres. A reportagem não conseguiu contato com um representante da prefeitura para comentar a pesquisa.

Dirce Koga, pesquisadora do núcleo de assistência e seguridade social da PUC-SP, diz que a principal causa da pobreza no país é, sem dúvida, a alta concentração de renda.


RICARDO GALLO
da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto

   
 
   
 

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