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Quem tem a palavra que rima com "mala"?", pergunta
a professora Alessandra Terezinha Aguiar dos Santos, da Escola
Crescer, à turma de 20 crianças do Jardim A.
Meninos e meninas, cada um segurando uma figura, tentam responder,
todos ao mesmo tempo:
" Massa!" diz um aluno, segurando um desenho representando
um rolo de macarrão.
A algazarra dura alguns segundos até que uma criança
acerta a resposta e mostra o desenho de um aposento:
"É sala".
"É parecido com o meu, salada", emenda outra.
A diversão dessa gurizada tem um objetivo: usar jogos
de sons e palavras como forma de auxiliar a aprendizagem das
primeiras letras. As atividades fazem parte do projeto Brincando
com Sons, da Escola Crescer, e vêm sendo trabalhadas
com alunos de quatro a oito anos.
O programa utiliza jogos e passatempos para despertar na
criança o gosto pelos sons e desenvolver uma relação
de diversão com as palavras. Gravuras, dominós
silábicos, cartões com imagens de animais, frutas
e outros objetos são usados nas atividades com os alunos
das turmas de maternal, jardim e 1ª série.
O projeto trabalha para despertar nas crianças o que
educadores e fonoaudiólogos chamam de "consciência
fonológica". As brincadeiras com sons e palavras
não substituem os métodos regulares de alfabetização.
São utilizadas como ferramenta auxiliar para o ensino.
"A idéia é aproveitar a relação
lúdica que as crianças têm com o mundo
e com as palavras", define a idealizadora do projeto,
a fonoaudióloga Mirella Liberatore Prando.
A psicopedagoga e mestre em educação Sônia
Moojen lembra que a consciência fonológica não
é um valor absoluto, mas que traz benefícios
quando usada em combinação com outras estratégias
de alfabetização.
"Há polêmicas opondo o método construtivista
de alfabetização ao uso da consciência
fonológica. Mas as duas coisas não se excluem,
e um bom caminho é a aplicação de uma
auxiliando a outra", define Sônia.
Como crianças brincam com tudo, também podem
se entreter com o idioma que falam. É nessa hora que
os pais podem ajudar da mesma forma que fariam com as demais
brincadeiras infantis: estando junto e divertindo-se também,
até mesmo estimulando-as a contar seu dia na escolinha.
Mais do que tempo para os filhos isso implica interesse por
eles.
"Muitas vezes, as crianças descobrem semelhanças
entre palavras e se maravilham, e o adulto, por já
conhecer aquilo, manifesta indiferença", comenta
a fonoaudióloga Mirella.
CARLOS ANDRÉ MOREIRA
do Zero Hora
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