BRASÍLIA
- Depois de passar o 1º de Maio sob o impacto negativo
do aumento real de 1,2% do salário mínimo e
sem conseguir anunciar um prometido pacote de medidas de geração
de emprego, o governo vai enfrentar nos próximos dias
um aperto das manifestações dos servidores públicos
que pedem reajuste de salários e mudanças nos
planos de carreira.
O mês também pode marcar o que será a
greve mais longa já enfrentada pela gestão Lula,
a da Polícia Federal.
O governo afirma que encerrou o diálogo com os agentes,
papiloscopistas e escrivães da PF e que não
volta à mesa de negociações. Por outro
lado, os grevistas fazem hoje uma reunião em Brasília
com os presidentes de sindicatos e dizem que a paralisação
continua, mesmo com a ameaça de corte de pagamentos.
Na última semana, em assembléias estaduais,
os manifestantes aprovaram por unanimidade a ''radicalização
do movimento''. Ainda é incerto o que o termo significa.
Alguns representantes afirmam que irão inviabilizar
totalmente as atividades da polícia, podendo invadir
prédios e até depredar carros, outros dizem
que será retomada com força total a operação-padrão
nos aeroportos do país.
O Ministério da Justiça afirma que aguarda
os grevistas voltarem ao trabalho, respeitando as decisões
dos tribunais federais da 1ª Região, que abrange
14 Estados, e da 3ª Região (SP e MS). O órgão
ofereceu aos grevistas um aumento de 17% e a proposta de discussão
de um projeto de lei para reformular a carreira.
O plano foi retirado da mesa de negociações
e o diálogo encerrado, no último dia 14. Por
meio de uma portaria, no dia 23 de abril, criou uma comissão
para elaborar o anteprojeto da lei orgânica da PF, que
irá avaliar e sugerir mudanças para a carreira.
A greve se arrasta por 55 dias e, se chegar ao dia 20, será
a paralisação mais longa já enfrentada
pelo governo Lula, superando a dos médicos-peritos
do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que durou 71
dias, de dezembro de 2003 a fevereiro.
A categoria afirma que o governo não respeita um lei
de 1996, pois recebem salários de nível médio
e deveriam ter vencimentos de nível superior. O aumento
de 85% custaria R$ 600 milhões. Dos 7 mil funcionários,
90% estão parados, segundo os grevistas e 70%, diz
a Polícia Federal.
O governo adiou da última sexta-feira para terça
a entrega da proposta para o fim da greve da categoria da
Advocacia-Geral da União (AGU) - procuradores federais
e do Banco Central e os advogados e defensores públicos
da União. O plano deve ser similar ao dado aos procuradores
da Fazenda, que já encerraram a greve.
A oferta é uma gratificação de 30%,
relativa ao desempenho. O comando de greve já sinalizou
que a proposta pode encerrar a greve da categoria. Dos 4.482
servidores, 75% estão em greve, diz o movimento. O
governo não divulgou um balanço da adesão.
Outra proposta que será analisada na terça-feira
é a que foi entregue na quinta-feira aos servidores
do INSS. Eles discutem com o governo sobre o termo de adesão
que têm de assinar para receber um aumento de 47,11%
e sobre mudanças no plano de carreira.
As demais categorias de servidores, que receberam uma proposta
conjunta do governo, afirmam que não há entendimento.
O maior parte das paralisações deve ocorrer
no dia 10 (veja quadro nesta página). Apenas os funcionários
da educação parecem perto de um acordo.
Os servidores, que chegam a 800 mil pessoas de diversas categorias,
pedem um ''reajuste emergencial'' de 50,19%. O governo ofereceu
aumentos de 9,5% a 29,38% para os aposentados e de 12,85%
a 32,27% para o pessoal da ativa
As informações são da Agência Folha.
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