Deixar crianças na escola
aumenta suas chances de gerar mais riqueza no futuro
O Brasil seria o país que mais lucraria com a erradicação
do trabalho infantil no mundo, segundo um estudo da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Cálculos da organização indicam que a
longo prazo os benefícios econômicos promovidos
pelo fim da prática superariam em muito os custos necessários
para este objetivo.
Em média, os países que usam crianças
como mão-de-obra ganhariam sete vezes mais do que gastariam
para tirá-las do mercado de trabalho. No caso do Brasil,
essa relação seria de 10 para 1.
A conta considera os custos para compensar as famílias
das crianças pela renda perdida, melhorar a rede de
escolas para receber as crianças e financiar campanhas
e políticas de intervenção para acabar
com o trabalho infantil.
O preço do fim trabalho infantil no mundo é
estimado em US$ 760 bilhões (equivalente a mais de
R$ 2,2 trilhões) até 2020.
Segundo o relatório, uma das principais vantagens
no Brasil é que os custos para melhorar a educação
no país seriam relativamente baixos.
Milhões de crianças
De acordo com a OIT, o mundo perderia os US$ 246,8 bilhões
gerados hoje pelo trabalho de 350 milhões de crianças,
mas, em 20 anos, ganharia US$ 4,1 trilhões pelos benefícios
advindos do fim do trabalho infantil – com aumento da
produtividade e redução dos gastos médicos,
por exemplo.
Segundo a organização, essas crianças,
com idades entre 5 e 17 anos, trabalham em diferentes funções,
das "aceitáveis" (entregar jornais, por exemplo)
às "piores formas de trabalho infantil",
como prostituição, mineração e
trabalho escravo.
Desse total, 4,5 milhões estão no Brasil, segundo
o relatório, o que representa mais de 12% da população
entre 5 e 15 anos (a idade mínima para o trabalho no
Brasil é 16).
A maioria é composta por meninos trabalhando nas áreas
rurais, principalmente no Nordeste do país, segundo
a OIT.
A organização, no entanto, também fala
do emprego de meninas como babás, empregadas domésticas
e vendedoras nos centros urbanos, principalmente do Sudeste,
região que tem o segundo maior índice de trabalho
infantil do país.
O Brasil é único país latino-americano
entre as oito nações estudadas – as outras
foram Filipinas, Nepal, Uganda, Tanzânia, Quênia,
Senegal e Paquistão.
Bolsa Escola
O estudo da OIT também dá destaque
ao programa Bolsa Escola – que paga às famílias
abaixo da linha de pobreza 80% dos "salários"
das crianças – entre os programas de compensação
de renda.
A organização baseia os seus cálculos
na mesma linha de pobreza usada pelo Bolsa Escola, ou seja,
famílias que tenham renda per capita igual ou inferior
à metade de um salário mínimo.
Ainda de acordo com o trabalho, o norte da África
e o Oriente Médio também seriam grandes beneficiários
da erradicação do trabalho infantil, com ganhos
8,4 vezes superiores aos custos.
Na Ásia, a proporção seria de 7,2 para
1 enquanto na América Latina a relação
seria de 5,3 para 1 e de 5,2 para 1 na África subsaariana.
O estudo também destaca que os gastos envolvidos na
erradicação do trabalho infantil seriam muito
menores do que os recursos destinados para pagamento de dívidas
externas e compras de armas.
As informações são
da BBC Brasil.
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