Imagens e fotos feitas anteontem
pelo Ministério Público Estadual durante uma
visita-surpresa ao complexo da Febem (Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor) de Ribeirão Preto confirmam
as agressões sofridas por adolescentes de duas unidades.
Desde julho do ano passado, essa é a terceira vez
que a Promotoria flagra, com fotos e filmagens, marcas de
agressões em adolescentes. A visita às unidades
Rio Pardo e Ribeirão Preto foi feita depois de denúncias
recebidas.
Segundo o Ministério Público, cerca de 120
adolescentes disseram que foram agredidos após uma
revista realizada na manhã de anteontem pelo Grupo
de Apoio, ou "choquinho", que se deslocou de São
Paulo.
Quinze jovens apresentavam hematomas, principalmente na cabeça
e nas costas. Eles afirmaram ter sido agredidos com cassetetes
e com os escudos dos funcionários. Os jovens passaram
ontem por exames de corpo de delito, segundo a Febem.
O promotor da Infância e Juventude de Ribeirão
Preto, Marcelo Pedroso Goulart, 46, e uma comissão,
formada por representantes de várias entidades, também
registraram imagens de integrantes do "choquinho".
"O vestuário deles é idêntico ao
da tropa de choque da Polícia Militar. Não há
como justificar tudo isso para uma simples revista",
disse a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos
da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Ribeirão
Preto, Ana Paula Varga de Mello, 27, que também participou
da visita.
De acordo com Mello, os adolescentes foram encontrados seminus,
de castigo em seus quartos -as atividades foram canceladas.
Goulart instaurou ontem o segundo inquérito neste
ano contra a Febem. No dia 15 de janeiro ele foi procurado
por pais que denunciaram atos de violência contra os
internos na UIP (Unidade de Internação Provisória)
Ouro Verde, também no complexo de Ribeirão Preto.
"Se essa orientação violenta continuar,
vamos ter outros incidentes mais graves. O nível de
revolta dos adolescentes é muito grande", disse
o promotor.
De acordo com o promotor da Infância e Juventude de
São Paulo Wilson Tafner, o ECA (Estatuto da Criança
e do Adolescente) diz que o Estado tem obrigação
de zelar pela integridade física e mental dos internos.
"Conter uma fuga é dever do Estado. Espancar quem
tentou fugir é crime", afirmou.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
|