O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva interveio diretamente na formação
da equipe do recém-criado Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome. Escolheu para o cargo de secretária-executiva
Ana Fonseca, 51, o segundo nome mais importante do ministério
comandado por Patrus Ananias (PT-MG).
Fonseca é a atual secretária-executiva do Bolsa-Família,
o programa unificado de transferência de renda do governo
federal. Ela foi convidada ontem para assumir o cargo no qual
atuará como uma espécie de gerente do ministério.
Fonseca, que aceitou o convite, confirmou a informação.
O novo ministério foi criado durante a reforma ministerial
promovida pelo presidente Lula no dia 23 de janeiro. O presidente
demitiu seis ministros, nomeou outros seis e remanejou três
para pastas diferentes das que estavam ocupando antes das
mudanças.
A reforma inicialmente seria feita para dar dois ministérios
ao PMDB, partido que teve atuação importante
na aprovação das reformas tributária
e da Previdência, mas que não participava do
primeiro escalão do governo.
Surpresa
Ao anunciar os nomes dos novos ministros, Lula surpreendeu
e fez mudanças profundas na área social. Fundiu
os Ministérios da Assistência e Promoção
Social e o da Segurança Alimentar e Combate à
Fome na pasta hoje conduzida por Patrus Ananias. Ainda acoplou
ao novo ministério a secretaria executiva do Bolsa-Família,
conduzida por Fonseca.
Pessoas ligadas a Patrus confirmaram o nome de Ana Fonseca
para a secretaria executiva do ministério, mas disseram
que o presidente Lula deu ao ministro toda a liberdade para
montar sua equipe. No entanto, segundo a Folha apurou, quando
Lula convidou Patrus para o ministério, já indicou
o nome da Ana para o cargo. Ela ainda conta com o aval do
ministro José Dirceu (Casa Civil).
Lula, segundo relatos, ficou bem impressionado com o fato
de o Bolsa-Família ter conseguido atingir a meta de
atendimento (3,6 milhões de famílias) em três
meses. Ele quer em toda a área social um resultado
semelhante.
Estrutura
A estrutura do Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome ainda está sendo definida por
Patrus Ananias. Apesar da indefinição, há
um modelo sendo discutido.
De acordo com esse modelo, a nova pasta terá uma secretária-executiva
e uma adjunta, que deverá ser ocupada por Heliana Kátia,
assessora de Patrus Ananias.
O ministério deverá ter cinco secretarias: Segurança
Alimentar, Assistência Social, Bolsa-Família,
Gestão da Informação e Avaliação
(para monitorar o impacto dos programas sociais) e Articulação
Política -que responderá pela relação
com o Congresso, com governadores e prefeitos.
A nova pasta comporta cinco secretários operacionais,
mas pela estrutura que havia antes da reforma, a área
social contava com nove secretários - quatro na Segurança
Alimentar, quatro na Assistência Social e um no Bolsa-Família.
Ou seja: quatro perderão o emprego. A informação
que circula na Esplanada é que Patrus não aproveitará
ninguém da equipe da ex-ministra Benedita da Silva
(Assistência Social).
GABRIELA ATHIAS
da Folha de S. Paulo
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