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trabalho
08/04/2004
Cem mil servidores contratados sem concurso podem ganhar estabilidade

BRASÍLIA. O governo foi surpreendido com a aprovação da emenda constitucional que torna estáveis os servidores públicos federais, estaduais e municipais contratados sem concurso entre 6 de outubro de 1983 e 5 de outubro de 1988, véspera da promulgação da Constituição. Agora, o governo, que não sabia da proposta e não acompanhou seu andamento, diz que pretende engavetar o projeto para que não chegue ao plenário.

“O destino da emenda é a Sibéria. Não tem chance, não há clima para isso “, disse o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).

O projeto passou por uma comissão especial, depois de ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Segundo João Paulo, a comissão especial foi instalada porque este é o procedimento com todas as propostas de emenda constitucional. O projeto altera um artigo das Disposições Transitórias da Constituição que previa a estabilidade aos servidores que não passaram por concurso e foram admitidos antes de 5 de outubro de 1983.

Ações judiciais
No governo, calcula-se que a proposta pode beneficiar até cem mil pessoas e provocar ações judiciais de servidores que perderam o emprego quando a Constituição foi promulgada, exigindo o pagamento retroativo de direitos.

O líder do governo, Professor Luizinho (PT-SP), disse que o projeto é vergonhoso:

“É inaceitável. Desmoraliza e preocupa. Não é um trem da alegria, é um trem da vergonha”, criticou Luizinho.

Em reunião ontem no Palácio do Planalto com o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), o assunto foi levantado pelo líder do PT, Arlindo Chinaglia (SP), que disse não saber o que levou parlamentares governistas a se ausentarem.

Justificativa ética
Chinaglia disse que foi feito um acordo para a aprovação da proposta, sem compromisso com a votação de plenário. Na reunião, observou-se que o projeto, se transformado em lei, quebraria municípios. Além disso, aprovar seria ignorar a necessidade de concurso público, desmoralizando a administração.

“Não há justificativa social, ética e moral para garantir para uns e tirar de outros. O cabidão não passa na bancada do PT”, afirmou.

O projeto é de autoria do deputado Celso Giglio (PTB-SP). Inicialmente, segundo os líderes governistas, destinava-se a corrigir injustiças em autarquias e fundações, mas foi recebendo emendas até o formato aprovado no final de março. A proposta não pode ser arquivada, porque já passou pela comissão especial. Só resta ao governo derrubá-la no voto ou impedir que entre em pauta, hipótese já eleita como estratégia.

A obrigatoriedade de governos terem que garantir estabilidade aos servidores beneficiados pelo projeto pode abalar a economia de estados e municípios. Em Mato Grosso, tão logo a Constituição foi promulgada, o governo realizou concurso público para substituir 19 mil servidores sem estabilidade. Em outros estados ocorreu o mesmo. Se tiverem o direito de voltar ao trabalho, além da despesa adicional com a incorporação do novo efetivo, estados e municípios poderiam sofrer ações judiciais para cobrar correções salariais concedidas no período em que os ex-funcionários ficaram afastados do serviço público.



LYDIA MEDEIROS
ISABEL BRAGA
do jornal O Globo

   
 
 
 

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