Tem projeto
até de Roraima”, anunciou, orgulhoso, o gerente
executivo de comunicação da Petrobras, Wilson
Santarosa. Ele abriu a cerimônia em que a empresa, a
maior estatal do país, anunciou os resultados da primeira
edição do Programa Petrobras Cultural, que,
ao longo de 2004, vai investir R$ 60 milhões nas áreas
de música, cinema, patrimônio e formação
e cidadania. O “até de Roraima” mostra
a cara do resultado. Para escolher os 141 projetos contemplados
em todas as áreas (há ainda mais 48 projetos
convidados pela empresa, num total de 189), os jurados procuraram
priorizar a descentralização, diminuindo a hegemonia
do eixo Rio-São Paulo.
"É uma questão didática a maior
empresa do Brasil ser a maior investidora em cultura",
disse o ministro da Cultura, Gilberto Gil. "É
um exemplo para que outras empresas também possam ter
consciência de que é uma responsabilidade social
apoiar a cultura".
O programa marca o casamento dos dois maiores braços
empresariais da Petrobras: a Petrobras holding e a BR Distribuidora.
Em 2003, as empresas, que sempre atuaram separadas no patrocínio
à cultura, não mantiveram nenhum programa organizado
de fomento. Em 2001 e 2002, a Petrobras criou programas para
áreas específicas da cultura. O primeiro foi
o Petrobras nas Artes Visuais. Já a BR nunca manteve
programas, mas o investimento maciço em cinema fez
com que a empresa se transformasse numa espécie de
Meca para os produtores da área, ocupando posição
estratégica no governo.
"Fizemos a fusão das duas empresas porque percebemos
que, com programas isolados, tínhamos sempre muito
trabalho e perdíamos exposição e divulgação
na mídia", disse o gerente de comunicação
da BR Distribuidora, Sergio Bandeira de Mello.
Cinema
O cinema, xodó da distribuidora, ficou com
a fatia maior do patrocínio: R$ 23 milhões foram
distribuídos entre 28 longas-metragens e 24 curtas.
Há ainda R$ 2 milhões para o lançamento
de filmes em salas comerciais e R$ 5 milhões para mostras
ou festivais. Entre os premiados no grupo de longas, estão
os filmes “Uma ou duas coisas sobre ela”, de Beto
Brant; “Os desafinados”, de Walter Lima Jr.; “Cleópatra”,
de Julio Bressane; e o documentário “As meninas”,
de Sandra Werneck.
"O programa também serviu para fazermos um mapeamento
do que está sendo feito no país. Pernambuco,
por exemplo, foi o terceiro estado em termos de quantidade
de projetos ligados ao cinema digital", disse Eliane
Costa, gerente de patrocínio da Petrobras. "Outro
dado curioso foi a participação do estado do
Pará, que teve quatro projetos aprovados, o que mostra
a força cultural da região".
Um dos projetos do Pará é a gravação
em CD das músicas do carimbó, dança típica
da região. O projeto foi selecionado pelo segmento
de música, que vai receber R$ 10 milhões e priorizou
propostas ligadas à preservação da memória
musical brasileira e da cultura popular, além de artistas
que não têm oportunidade de entrar no mercado
fonográfico. Entre os premiados nesta área estão
a disponibilização na internet de todo o acervo
de Tom Jobim; a recuperação das gravações
originais do flautista Benedito Lacerda; a gravação
dos sambas de raiz do Candongueiro, palco tradicional do ritmo
em Niterói; e “Pretobras, por que eu não
pensei nisso antes, Songbook de Itamar Assumpção”,
que é, como o bem-humorado título diz, a reunião
do cancioneiro do compositor.
A área de Patrimônio contemplou projetos em
dois segmentos: Memória das Artes e Patrimônio
Imaterial. A criação deste último facilitou
a premiação de projetos como a valorização
da memória no quilombo de Guimarães, no interior
de São Paulo. A recuperação de acervos,
outra antiga marca da Petrobras, foi lembrada com a seleção
da Escola de Belas Artes da UFRJ, que vai ganhar verbas para
a recuperação das peças e conservação
de documentos da antiga Academia Imperial de Belas Artes.
E os artistas contemporâneos Anna Bella Geiger e Eduardo
Sued vão publicar livros sobre suas obras.
As informações são do jornal O Globo.
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