O ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou ontem que será
muito "difícil" corrigir a tabela do Imposto
de Renda ainda neste ano. "Agora, durante o andamento
do Orçamento, é muito difícil que isso
seja feito." Mas disse que poderão ser discutidas
mudanças para os próximos anos.
Em abril, durante visita a uma fábrica em São
Bernardo do Campo (SP), o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse, após ler faixas que pediam a correção
da tabela, que esperava ter boas notícias sobre o assunto
nos próximos dias.
Após isso, o governo começou a negociar a correção
com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que reivindica
um ajuste ainda neste ano -pelo menos da inflação
do governo Lula, estimada em 11,3% até o começo
de maio. Na última reunião com a CUT, Palocci
ficou de dar uma resposta sobre o assunto até 1º
de junho.
Na época, Palocci, segundo Luiz Marinho, presidente
da CUT, disse que poderia haver correção neste
ano desde que a perda de receita fosse compensada com a criação
de novas alíquotas, que poderiam vigorar a partir de
2005. Ontem, Palocci disse que isso é difícil.
Como também há pressão no Congresso pela
correção, a decisão final deverá
ser de Lula.
CORREÇÃO DA TABELA DO IR - O governo tem um
Orçamento em andamento. Na questão tributária,
trabalhamos tanto com a tabela como com políticas distributivas,
como o Bolsa-Família. O meu papel aqui é fechar
as contas. Se nós queremos discutir isso [correção
da tabela] para a construção de novos orçamentos,
tudo bem. Agora, durante o andamento do Orçamento,
querer resolver grandes problemas..., é muito difícil
que isso seja feito. Vamos trabalhar com o Orçamento
assim como o trabalhador faz: Ele gasta o que ganha, paga
suas dívidas e mantém sua vida equilibrada porque
tem um nome a preservar.
PETRÓLEO - Quem regula a política de preços
de combustíveis é a Petrobras. Ela certamente
está observando o comportamento do preço do
petróleo no mundo. A Petrobras não tem uma política
de aumento de preços imediata. Ela acompanha os preços
e toma as suas decisões como aconteceu no ano passado.
Neste ano, a empresa também vai buscar esse equilíbrio,
ninguém sabe dizer se essa alta é consistente,
se é duradoura. Eu não acredito que seja uma
nova crise do petróleo.
CIDE (contribuição sobre o consumo de combustíveis)
- A Cide foi criada como um tributo de caráter móvel,
para subir ou descer de acordo com o comportamento dos preços.
Mas o governo jamais aplicou a tarifa cheia para ter um colchão.
Quando houver espaço para isso, nós vamos aplicar
essa política e, a partir daí, ajustar pela
Cide. É para isso que ela foi criada. Como o governo
no ano passado não quis provocar um aumento de preços
maior, ele não utilizou esse mecanismo e então
não tem espaço para fazer política de
preços pela Cide.
CENÁRIO EXTERNO - Todos os problemas econômicos
no campo externo são decorrentes de crescimento. A
China fala em algum ajuste porque está crescendo muito.
Os EUA falam em ajustar a política monetária
por causa do seu crescimento. Então seria bom que a
economia tivesse permanentemente problemas de crescimento.
Pior seria se fosse crise. O crescimento impõe ajustes
de políticas monetárias, cambiais. Os investidores
mudam suas carteiras. Isso dá um certo calor ao debate.
Não devemos nos preocupar com isso, mas em saber se
os fundamentos da economia mundial e da economia brasileira
estão bons ou não. Não há sinais
de que o cenário possa piorar.
CENÁRIO INTERNO - Ontem [anteontem], fechamos um balanço
de exportações de US$ 80 bilhões nos
últimos 12 meses, um recorde. O Brasil completou um
ajuste externo de grande qualidade. Isso vai respaldar eventuais
dificuldades que o país venha a ter. Muitos esperavam
que, com a retomada do crescimento, que já ocorre,
nós teríamos perda na balança comercial.
Nós verificamos pelos dados do IBGE de ontem [anteontem]
que todas as regiões estão crescendo. A renda
está se recuperando, e a retomada está se dando
de maneira mais espalhada. Não vemos crise no processo
econômico no Brasil. Vamos apostar nisso.
VULNERABILIDADE - A política macroeconômica está
correta porque baixou a inflação, o risco e
deixou o câmbio flutuar. O movimento comercial do Brasil
cresceu fortemente. Esse movimento não precisa de reforço,
mas de incentivo. A vulnerabilidade externa está bastante
vencida em relação à situação
de dez anos atrás.
METAS DE INFLAÇÃO - Para este ano, o comportamento
da inflação está bom, caminhando para
as metas. Não vemos sobressaltos. Não temos
que tomar medidas em relação a isso a não
ser convergir os dados do mercado para as metas do governo.
Para o ano que vem, nós vamos ver. Cada dia com a sua
agonia.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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