BRASÍLIA.
Estudo do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) lançado ontem mostra que os
brasileiros, 19 anos após o fim do regime militar,
participam ativamente de eleições, mas têm
pouca confiança na democracia do país. Em pesquisa
realizada em 18 países da América Latina, o
Brasil ficou na 15 posição quanto ao nível
de adesão da população à democracia.
O país com mais convicção democrática
é o Uruguai.
Na mesma pesquisa, porém, o Brasil foi considerado
o país com maior grau de democracia eleitoral e de
participação da população em eleições,
que são livres, limpas e o principal meio de acesso
a cargos públicos.
”A democracia jamais será uma obra acabada,
vai ser sempre muito mais um conceito histórico adaptado
a cada momento e às particularidades de cada país”,
disse o ministro Aldo Rebelo, da Coordenação
Política, que participou ontem da apresentação
do relatório do PNUD sobre a democracia na América
Latina ao lado ministro Luiz Dulci, secretário-geral
da Presidência da República.
“É importante registrar o rigor crítico
da pesquisa ao apontar os problemas da nossa vida político-partidária”
disse Dulci.
O mesmo trabalho revela que o desapreço pela democracia
é um traço do continente. Segundo o estudo,
54,7% dos cidadãos latino-americanos aceitariam um
governo autoritário se ele pudesse resolver seus problemas
econômicos. Para 56,3%, o desenvolvimento é mais
importante que a democracia, e 58,1% acham que o presidente
pode ignorar as leis.
A pesquisa ouviu 18.643 pessoas em 18 países, em 2002.
Mil brasileiros de área urbana foram consultados.
O estudo propõe revalorizar a política, “tão
importante para o êxito do desenvolvimento quanto a
economia”, diz o administrador do PNUD Mark Brown no
prefácio do trabalho.
LYDIA MEDEIROS
do jornal O Globo
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