O Brasil
tem uma boa a uma má notícia para apresentar
esta semana, quando mais de cem países marcam os 14
anos de assinatura de um conjunto de metas - referendado pela
Unesco - denominado Educação Para Todos.
A boa é que, ao contrário de muitas nações,
as meninas brasileiras já têm tanto acesso à
educação básica quanto os meninos. A
má é que em termos de qualidade de ensino o
País ainda patina.
"No que diz respeito à qualidade, o Brasil está
mal. Pior inclusive do que muitos países da América
Latina", diz o representante da Unesco no Brasil, Jorge
Werthein. Entre eles, Argentina, Chile, Costa Rica e Cuba.
Metas
As metas da Educação Para Todos foram estabelecidas
em 1990 e reiteradas em 2000. São seis pontos, que
vão desde a garantia de que até 2015 todas as
crianças do mundo tenham acesso à educação
primária, passando pela eliminação de
disparidades entre meninos e meninas até 2005, além
da melhoria da qualidade.
Outra meta para 2015 é ampliar em 50% (em relação
a 1990) as taxas de alfabetização de adultos.
"O Brasil conseguiu universalizar as matrículas
no fundamental e equiparar o ingresso de meninas e meninos.
Neste ponto em especial é até um exemplo mundial",
diz Werthein. "Mas o grande desafio é a qualidade."
Corrupção e má gestão
Segundo ele, o que o Brasil gasta em educação
não é pouco. "Mas sem dúvida os
recursos públicos destinados não estão
beneficiando os mais necessitados. Há corrupção
e também má gestão."
Werthein não tem estimativas sobre quanto custaria
ao Brasil cumprir todas metas nem quanto tempo isso levaria
se o ritmo atual for mantido. Para a organização
não-governamental britânica Oxfam, o mundo levará
150 anos para atingir as promessas feitas em 1990, caso os
governos não destinem mais recursos e apoio. Atualmente,
segundo algumas avaliações, 100 milhões
de crianças estão fora da escola.
Eventos no mundo
A Oxfam integra uma aliança internacional de organizações
ligadas à educação que promove nesta
semana em 105 países uma série de eventos, cujo
tema é Um Grande Lobby Pela Educação
Pública.
No Brasil, as ações são coordenadas
pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
que ajuda a promover nesta quinta-feira, ao lado da Unesco,
uma seção na Câmara dos Deputados sobre
educação de qualidade para todos.
MARCOS DE MOURA E SOUZA
da Agência Estado
|