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trabalho
23/12/2003
Vaga no setor informal reduz desemprego

Em novembro, a taxa de desemprego teve a primeira queda significativa de 2003: passou de 12,9% em outubro para 12,2%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É uma diferença, de um mês para o outro, de 0,7 ponto percentual.

A redução ocorreu, principalmente, pelo aumento de vagas no setor informal. O rendimento em novembro recuou mais uma vez.

Apesar de considerar que 2003 foi "um ano praticamente perdido para o mercado de trabalho", Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), afirmou que o resultado foi "o primeiro sinal de reação". Não quer dizer, porém, que ele se manterá em 2004, ressaltou.

Comprovando o aumento da informalidade, o número de pessoas trabalhando sem carteira assinada subiu numa velocidade maior do que o de pessoas com carteira. No caso dos com carteira, a expansão foi de 1,1% em relação a outubro. O emprego sem carteira cresceu mais: 3,2%.

Apesar do recuo, a taxa de desemprego de novembro ainda é maior do que a do mesmo mês de 2002, quando ficara em 10,9%. Já a renda do trabalhador caiu 13% se comparada com novembro de 2002. Em relação a outubro, ficou estável (mais 0,1%).

Ao observar a média de março a novembro deste ano (único período mais longo para qual o IBGE tem dados disponíveis), o rendimento recuou 12,9% na comparação com igual período de 2002. A renda média cedeu de R$ 982,97 para R$ 855,62.

De acordo com Pereira, a renda em queda e a expansão da informalidade evidenciam que 2003 foi um "ano ruim, difícil". "Certamente, o mercado de trabalho está muito pior do que em 2002."

Ele disse que, apesar da influência sazonal -o emprego tradicionalmente aumenta no final do ano com o Natal-, a queda de novembro foi "expressiva e um primeiro sinal de recuperação".

Um dado que sugere uma futura recuperação é o fato de o número médio de horas trabalhadas ter aumentado de 40 em novembro de 2002 para 43,1 em novembro deste ano. Isso significa que as empresas estão aumentando a carga horária sem fazer novas contratações, o que pode ser o próximo passo, segundo o IBGE.

Para Lauro Ramos, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), houve uma melhora "discreta" do mercado de trabalho em novembro. A recuperação, disse, foi muito à custa da informalização e da ampliação dos empregos precários.

Ramos citou um dado positivo: o desemprego caiu ao mesmo tempo que a ocupação cresceu. Foi a primeira vez que isso ocorreu, o que mostra que o mercado absorveu o contingente de desempregados e que a procura por emprego pode estar menor.

"O mercado de trabalho está um pouco melhor, mas não há como separar fatores sazonais. Novembro, historicamente, tem desemprego menor. Mas pode ser o início de uma tendência, que ainda precisa de confirmação."

Ramos diz que o mercado está "debilitado" desde 2001. Então, "qualquer empurrãozinho" da economia se traduz em melhora.

Mais otimista, Francisco Pessoa, da LCA, acredita que a redução do desemprego "é compatível com outros indicadores" tanto de mercado de trabalho como de produção e vendas da indústria.

"A economia está se reativando. As expectativas são melhores. É natural uma reação do emprego."


PEDRO SOARES
da Folha de S. Paulo, sucursal do Rio

   
 
 
 

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