Madeira, cano de ferro e alguns parafusos. Com esse material,
já existe gente fazendo arma para entregar à
Campanha do Desarmamento. Informações que chegaram
à Superintendência da Polícia Federal
na semana passada dão conta de que serralheiros estariam
começando a fabricar armamentos rústicos com
o objetivo de conseguir a indenização, que vai
de R$ 100 a R$ 300, dependendo do modelo apresentado.
"Já ouvimos falar em gente fazendo arma com a
finalidade de receber a recompensa", disse o delegado
da PF Antônio Wagner Castilho. Ele ressalta que armas
artesanais com aspecto de novas não têm vez na
campanha. "Essas não serão aceitas pela
PF."
Mas algumas peças de "fundo de quintal"
já foram recebidas, com direito a remuneração
de R$ 100. Uma arma calibre 12 e outra calibre 32, que aparentam
já terem sido usadas, são exemplos.
"São sistemas rústicos, mas que podem
funcionar", afirmou o delegado da PF. A arma de calibre
12, que se assemelha fisicamente a um fuzil, foi fabricada
com materiais fáceis de serem comprados, como parafusos,
madeira, cano de ferro e fita isolante.
O sistema de disparo, com gatilho simples, utiliza parafuso
e mola. A arma não foi testada, mas, de acordo com
a PF, aparentemente ainda seria capaz de atirar. Ao contrário
da calibre 12, a calibre 32 artesanal recebida pela polícia
não tem mais poder de detonação. Confeccionada
em madeira e ferro, a peça está sem alguns dos
seus componentes.
"A lei [do Estatuto do Desarmamento] não diz
em que estado de conservação a arma tem de estar
para que o seu dono seja indenizado", afirma Castilho.
Por isso, de acordo com ele, a campanha tem recebido todo
tipo de arma.
Recorde
Na última sexta-feira, uma estudante de Jundiaí
(60 km de SP) marcou um recorde ao entregar cerca de 1.300
armas à campanha.
A Polícia Federal recebeu mais de 5.000 armas em todo
o país após a publicação de portaria
que estabeleceu os valores de indenização pela
entrega, no Estatuto do Desarmamento, no último dia
15.
A meta inicial de recolhimento é de 80 mil armas até
o fim do ano, número previsto de indenizações
com o crédito especial de R$ 10 milhões aprovado
pelo Congresso. No entanto, a PF acredita que a meta será
atingida antes.
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo
Lacerda, assinou portaria que autoriza outras instituições
militares e de segurança pública a receberem
as armas, como os quartéis do Exército, as polícias
Militar e Civil e o Corpo de Bombeiros.
A indenização a ser paga pela arma vai de R$
100 a R$ 300, de acordo com o tipo e o calibre.
Segundo a PF, o valor será depositado em conta corrente
informada pelo interessado, e deverá ocorrer em até
30 dias após a entrega da arma em qualquer delegacia,
posto ou superintendência da Polícia Federal
no país.
As informações são
da Folha Online.
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