Com o objetivo de estimular o uso
do gás natural -combustível menos poluente-
nos ônibus urbanos, a Petrobras anunciou ontem que irá
limitar o preço do produto a 55% do valor do óleo
diesel (usado com mais freqüência no transporte
rodoviário).
Apenas empresas concessionárias de linhas de ônibus
urbanos terão direito ao benefício.
Ao consumidor final, o gás natural é vendido,
em média, a R$ 1,076 o metro cúbico nos postos,
segundo a Agência Nacional do Petróleo. O preço
médio do litro do diesel nas bombas é mais alto:
R$ 1,394 -as empresas de ônibus pagam um pouco menos,
por comprar em grandes quantidades. Segundo a Petrobras, um
metro cúbico de gás corresponde a 0,923 litro
de diesel.
Para a Petrobras, é um bom negócio aumentar
o mercado de gás natural. Hoje, a estatal importa 15
milhões de metros cúbicos de gás natural
da Bolívia. Pelas regras do contrato, porém,
tem de pagar por 24 milhões de metros cúbicos,
mesmo que não consiga vender esse volume às
distribuidoras.
Duas são as vantagens do gás natural: preço
menor e redução na emissão de poluentes.
De acordo com a Comgás (distribuidora de gás
de São Paulo), o gás polui 50% menos do que
o diesel. Além disso, não emite enxofre nem
a fumaça preta característica dos carros a diesel.
Com o controle do preço do gás, a Petrobras
acredita que, em seis anos, 60% da frota de ônibus das
principais regiões metropolitanas do país passe
a usar o gás natural como combustível. Segundo
a estatal, circulam hoje cerca de 50 mil ônibus nas
grandes metrópoles. Atualmente, o uso do gás
é bastante restrito: em São Paulo, por exemplo,
só cem ônibus são movidos a gás,
segundo a SPTrans, empresa municipal que gerencia o transporte
coletivo.
Ao todo, 15 mil veículos atuam no transporte coletivo
da cidade. Desse total, 8.700 são ônibus e 6.300,
vans e microônibus. A SPTrans prevê que, com a
proposta da Petrobras, o número de ônibus a gás
aumente para 170 no final deste ano.
O maior entrave para aumentar o uso do gás natural
é o custo de conversão dos veículos.
Para adaptar o motor de um ônibus ao gás natural,
a empresa terá de desembolsar cerca de US$ 10 mil por
veículo.
PEDRO SOARES
da Folha de S. Paulo, sucursal do Rio
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