BRASÍLIA. O novo ministro
da Educação, Tarso Genro, pretende incluir a
proposta de eleições diretas para reitor das
universidades federais no debate sobre a reforma universitária.
O ministro vai montar um grupo de assessores no ministério
para tratar da reforma, prioridade de sua gestão no
MEC, e já avisou que não quer mais saber de
teorização. A intenção de Tarso
Genro é ter uma proposta de reforma universitária
pronta para ser enviada ao Congresso até o final do
ano.
"Chega de teorização. Já temos
uma enorme riqueza de material teórico. Precisamos
ter uma proposta concreta", disse.
Tarso disse que o relatório preparado pelo grupo interministerial
que já debateu a reforma será apenas uma das
propostas a serem analisadas pelo grupo que será criado
no âmbito do MEC. Esse grupo será responsável
por organizar seminários, conferências e encontros
com representantes da sociedade. Mas, segundo o ministro,
os debates precisam ser objetivos.
Diretas
Tarso afirmou que, pessoalmente, é a favor
das eleições diretas para reitor. Ele acredita,
no entanto, que na reforma terá que ser debatido como
será essa eleição.
Tarso disse que esse projeto não deve ser feito separadamente
do restante da reforma.
"Essa é uma questão política que
precisará ser debatida no âmbito da reforma e
do governo", afirmou.
O projeto sobre as eleições diretas já
havia sido preparado pelo ex-ministro Cristovam Buarque. No
entanto, foi vetado pela Presidência da República
sob a alegação de que diminuiria a interferência
do presidente na escolha dos reitores.
Atualmente, professores, alunos e funcionários votam
para reitor, mas a escolha é feita pelo presidente
a partir de uma lista tríplice elaborada com base na
votação.
Ontem, a posição da Presidência de vetar
a escolha direta foi duramente criticada pelo presidente do
Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes),
Luiz Carlos Lucas.
"É lamentável. Eu não esperava
isso do presidente Lula. Acreditava que na área social
esse governo tivesse um comportamento mais democrático",
disse, ao sair de um encontro com Tarso Genro em que foi discutido
a participação do Andes na reforma universitária.
Nova equipe
O ministro informou que já na próxima
segunda-feira pretende apresentar toda a sua nova equipe,
incluindo os integrantes do grupo que coordenará a
reforma dentro do ministério. De acordo com Tarso,
deverão ser cinco pessoas. Entre eles, um secretário-executivo
e um coordenador, que deverão responder diretamente
ao ministro.
O grupo de assessores de Tarso estabelecerá a metodologia
de debates e o cronograma. Esse grupo também terá
a responsabilidade de analisar não apenas a proposta
feita pelo grupo interministerial, mas as preparadas pelos
reitores das universidades federais, os docentes de nível
superior e pela USP (Universidade de São Paulo) sob
a coordenação da professora Marilena Chauí.
O ministro também explicou que pretende analisar todos
os projetos enviados pelo seu antecessor à Casa Civil.
A maior parte deles está parada.
"Há propostas muito boas, mas eu preciso ver
se aqueles com ônus tem previsão orçamentária
ou se criam despesas para outras esferas de governo",
explicou.
Entre essas propostas está a instituição
do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico. Segundo
Tarso, o debate já está feito, o projeto é
bom e o governo quer a sua aprovação.
As informações
são do jornal O Globo.
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