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27/01/2004
Pesquisa revela preconceito gay no Rio

Cotado para assumir o posto de capital mundial do turismo gay e com fama de liberal, o Rio está longe de se livrar do preconceito e da violência. Uma pesquisa feita em parceria pela Uerj, Universidade Candido Mendes e Grupo Arco-Íris, durante a última Parada do Orgulho Gay, mostra que 56% deles já foram ameaçados de agressão ou morte por sua condição sexual e 16% foram efetivamente agredidos por esse motivo. O trabalho também revelou que mais de 90% dessas pessoas nem chegaram a registrar queixa em delegacia.

A pesquisa foi desenvolvida em conjunto pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos da Uerj (Clam), o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Candido Mendes e o Arco-Íris. Quarenta voluntários selecionados pela ONG receberam treinamento dos pesquisadores para fazer as entrevistas. O resultado foi reunido num livro que será lançado amanhã, às 21h, no bar Galeria Café, em Ipanema.

O trabalho mostra que a discriminação não é igual para todos os homossexuais. Os travestis, por exemplo, são os principais alvos dos agressores. Segundo a pesquisa, 42% deles afirmaram ter sofrido violência física. Já entre os bissexuais as agressões são menos comuns. Sete por cento deles disseram ter passado por essa experiência. As lésbicas vitimadas foram 9,8% das entrevistadas.

"A hipótese mais provável para isso é que os travestis têm sua condição de homossesual mais visível. Eles também estão mais expostos por muitas vezes atuarem na prostituição. Já gays que têm sua condição menos explícita sofrem menos", afirma a coordenadora do Cesec, Sílvia Ramos.

O golpe do Boa noite, Cinderela, em que a vítima é dopada, também entrou na pesquisa. Enquanto 8,4% dos homossexuais masculinos e 4,9% dos bissexuais disseram ter sido vítimas dele, nenhuma lésbica ou travesti contou ter passado por isso. Os homens com mais de 40 anos são os mais atacados.

"O que é mais estarrecedor é que 91% das pessoas não chegam a registrar queixa por descrença na polícia e medo de discriminação. A pesquisa mostrou que em 11% dos casos as vítimas não desabafam nem para amigos e parentes a violência sofrida", afirma a pesquisadora.

Para o coordenador do Arco-Íris, Cláudio Nascimento, os dados mostram que o Rio é uma cidade polarizada. Enquanto uma parte da população aceita os homossexuais, outra reage contra os avanços que a comunidade gay vem conquistando. Ele também criticou a falta de políticas públicas para o grupo e acusou a Secretaria de Segurança Pública de esvaziar o Disque de Defesa do Homossexual:

"O serviço não dá encaminhamento adequado às denúncias e os casos acabam não sendo investigados".

Ninguém na secretaria quis comentar o assunto.

O historiador Luiz Carlos Freitas, 45, é uma vítima da violência contra homossexuais que não registrou queixa. Ele foi extorquido por um PM, que o ameaçou de morte e levou dele o equivalente a US$ 1 mil, mas teve medo de sofrer represálias:

"Ele ficou com o meu endereço e ameaçou matar a mim e minha família. Acho que os gays têm que denunciar mas também preservar sua vida".




As informações são do Jornal do Brasil

   
 
 
 

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