Novo responsável pela negociação do acordo para pagamento
da dívida de R$ 12,3 bilhões que o governo tem
com os aposentados, o ministro da Previdência Social,
Amir Lando, disse ontem que o acerto será feito parceladamente.
"É o caminho já sinalizado [parcelamento].
É o caminho possível", disse Lando, após
se reunir com o ex-ministro da Previdência e novo titular
do Ministério do Trabalho, Ricardo Berzoini.
Lando lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva determinou a negociação de um acordo com
os aposentados. Nas últimas semanas na Previdência,
Berzoini realizou encontros com representantes de entidades
ligadas aos pensionistas.
À Folha, Berzoini afirmou na sexta passada que nesses
encontros foram apresentados vários cenários
para o pagamento da dívida, mas que uma definição
ainda dependeria de decisão da área econômica.
Ele já tinha informado aos aposentados que o pagamento
deverá ser parcelado.
"O que foi colocado para os sindicalistas são
dados de cenários. Não há nenhuma proposta.
A área econômica tem que ser pronunciar sobre
uma proposta. Talvez alguma hipótese numérica
apresentado tenha sido entendida como proposta", disse
Berzoini.
Na última quinta-feira, sindicalistas chegaram a divulgar
como proposta do governo o pagamento integral ainda neste
ano para os aposentados com R$ 500 a receber ou que tenham
mais de 70 anos. O restante da dívida seria parcelado
até 2006.
Segundo Berzoini, a dívida chegará a R$ 12,3
bilhões se o governo reconhecer o direito de todos
os aposentados com benefícios emitidos entre 1977-1988
e 1994-1997. Muitos aposentados, entretanto, não têm
direito à diferença.
Ontem, Lando disse ainda que a negociação deverá
atender interesses dos aposentados e do governo. "Vamos
sentar à mesa. Na mesa de negociações,
com certeza, sairá uma solução que atenda
o interesse público e o interesse da clientela da Previdência."
Recadastramento
Ele comentou ainda que o recadastramento dos aposentados com
mais de 90 anos, realizado em 2003 e suspenso três dias
depois de iniciado, gerou uma "celeuma desnecessária".
"O ministro cumpriu a lei. Nós temos que fiscalizar.
E, se houve alguma dificuldade na execução,
ela já foi superada", completou.
JULIANNA SOFIA
da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília
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