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carta
26/01/2004
'Fracassaremos se formos só guardiões da moeda’, alertou Cristovam

BRASÍLIA. No início de janeiro, o ex-ministro da Educação Cristovam Buarque enviou uma carta ao ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, do chamado núcleo duro do governo, fazendo duras cobranças por uma maior atuação do governo Lula na área social. Cristovam criticou o fato de o governo ter priorizado a política econômica, deixando em segundo plano a política social. Reforçando as queixas mantidas durante todo o ano passado e os pedidos de mais verbas para a educação, que tanto desagradaram ao governo, ele alertou ainda que 2004 exigirá do governo “sair da confiança para a mudança”. “Fracassaremos se formos apenas os guardiões da moeda e da economia”, alertou.

Na sua opinião, o governo deveria priorizar este ano o combate à pobreza, com geração de emprego e distribuição de renda, “sob pena de ficar numa situação muito incômoda”. “Até aqui agimos como se o social e o econômico disputassem. Ministros da área social reclamando, como se não tivessem responsabilidade com a estabilidade, e ministros da área econômica controlando os recursos como se nada tivessem a ver com o social”, alertou Cristovam.

Preocupação
Cristovam — que desembarcaria ontem à noite em Brasília, de volta de uma viagem a Portugal, onde lançou seu livro “Admirável mundo atual” — escreveu a carta de seis páginas, além de um anexo de outras nove páginas, no Ano Novo.

“O social fez seus projetos e o econômico fez seus cortes (no PPA). Não se analisou, por exemplo, o risco de desestabilizar a economia, nem o papel dos gastos sociais como dinamizadores da economia”, afirmou Cristovam na carta, sugerindo a criação de um conselho ministerial para resolver o problema.

Em várias passagens, Cristovam ressaltou que o governo Lula foi eleito para fazer mudanças profundas.“É um equívoco achar que a queda da taxa de juros levará naturalmente ao crescimento, mas ainda pior, se ele vier, poderá vir sem aumento da renda e de emprego, que dependem ainda mais de vetores estranhos ao governo, como o avanço técnico”, salientou Cristovam, alertando ainda: “Na verdade, este é o cenário provável: crescimento sem emprego, sem salário e sem distribuição da renda. O que deixará nosso governo em uma situação muito incômoda”.

Cristovam começou a carta afirmando que o governo está “diante de meses durante os quais vamos marcar a história do Brasil, para o bem, como todos esperamos, ou para o mal, se não soubermos agir corretamente e suficientemente para atendermos às expectativas que nós próprios criamos no povo brasileiro”. Em seguida, ele faz um alerta sobre a burocracia agir como um inibidor de novas ações: “É preciso estarmos alertas, com autocrítica acirrada, para não cairmos nas malhas da burocracia que tende a dominar todo governo. Por mais bem intencionados que sejamos, não perdermos a capacidade de nos indignarmos diante do que está errado como termina acontecendo ao sentirmos as dificuldades para mudar a realidade”.


As informações são do jornal O Globo.

   
 
 
 

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