BRASÍLIA - A primeira semana
de convocação extraordinária do Congresso
Nacional, que custará R$ 50 milhões ao bolso
do contribuinte, foi marcada por falta de quórum, adiamento
de votações e intenso movimento de parlamentares
que registram presença e somem do plenário,
numa espécie de recesso extraordinário. Às
16h37 de ontem, o painel da Câmara indicava a presença
de 446 deputados, mas somente 12 deles participavam da sessão.
Das cinco matérias incluídas na ordem do dia
ontem, somente uma foi aprovada. Trata-se de projeto de lei
que dispõe sobre a transformação de funções
comissionadas no Tribunal Superior do Trabalho, assunto de
pouca relevância frente aos grandes temas da convocação.
Hoje, a sessão será destinada apenas para discursos.
Principal foco de polêmica entre os deputados, a emenda
que modifica a Reforma da Previdência não avançou
nesta primeira semana de esforço concentrado. Ontem,
um grupo de sindicalistas de todo o país foi ao gabinete
do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP),
reclamar da falta de empenho do governo e do Congresso em
dar rapidez à apreciação da proposta.
"Há uma briga de vaidades, de egos, entre o governo
e o Legislativo, que prejudica toda a sociedade", disse
o diretor de Assuntos Parlamentares do Sindicato Nacional
dos Auditores Fiscais (Unafisco), Pedro Delarue.
Apesar da pressão dos representantes dos servidores,
João Paulo reafirmou ontem as dificuldades para a aprovação
da emenda durante a convocação. Segundo relato
de Delarue, o político petista informou aos sindicalistas
que a emenda não faz parte das prioridades estabelecidas
pelo governo para este período de trabalho legislativo.
"Não há dúvida que gastar R$ 50
milhões e não votar a emenda será um
escândalo", atacou o sindicalista.
O presidente da Câmara descartou ontem que uma disputa
por vaidade esteja atrapalhando a condução das
reformas. Ele afirmou que tem conversado ''permanentemente''
com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e admitiu
que a emenda não está entre os temas incluídos
nas conversas com o presidente. Segundo ele, os dois trocam
idéias ''sobre outras coisas''.
"Não vejo vaidade, de quem e como. Não
entendo. Não é isso", reagiu João
Paulo Cunha.
Perguntado se não seria pequeno o benefício
de uma convocação extraordinária frente
ao custo para o contribuinte, o presidente da Câmara
remeteu a responsabilidade ao presidente Lula.
"Aí tem que perguntar para quem convocou".
As informações são do Jornal do Brasil.
|