O desemprego mundial aumentou em
2003 e atinge diretamente 185,9 milhões de pessoas
(6,2 por cento da força de trabalho total), o que significa
que apesar dos sinais de reativação econômica
o panorama trabalhista não melhorou como se esperava.
Assim diz a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) em seu relatório anual sobre as tendências
mundiais do emprego, apresentado hoje, quinta-feira, em Genebra,
no qual se diz que o nível de desemprego registrado
no ano passado é o mais alto desde 1990 quando começou
a se utilizar a metodologia atual.
Isso apesar do aumento poder ser considerado modesto em comparação
ao valor de 2002, que a OIT situou em 185,4 milhões.
No conjunto de países industrializados o desemprego
ficou em 2003 em 6,8 por cento, com uma "evolução
positiva na União Européia apesar de uma taxa
de crescimento relativamente modesta de 1,5 por cento".
Nos Estados Unidos, o crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) não favoreceu a criação de postos
de trabalho e o desemprego permaneceu alto chegando perto
de 6 por cento.
Já o Japão parece ter-se recuperado de uma
longa crise, embora ainda esteja longe de regressar à
situação do início da década passada
em que o desemprego ficava abaixo de 3 por cento.
A OIT prevê que uma recuperação econômica
mais acentuada, como a que começou a acontecer no segundo
semestre do ano passado, poderia traduzir-se em melhores resultados
em 2004, embora o próprio diretor-geral da organização,
Juan Somavia, tenha advertido que "ainda é muito
cedo para dizer que o pior passou".
"Nossa principal preocupação é
que se a recuperação cambalear muitos países
não possam reduzir a pobreza até a metade para
2015, um dos principais Objetivos do Milênio",
acrescentou o funcionário chileno.
Até assim, o desemprego não é a única
coisa que deve trazer preocupação, pois o trabalho
informal ou subemprego também aumentou, sobretudo nas
regiões pobres, onde o produto nacional bruto cresceu
muito pouco.
Segundo os cálculos da OIT, no final de 2003 o número
de trabalhadores pobres que viviam com um dólar ou
menos por dia era de 550 milhões.
Esta situação foi atribuída ao pequeno
aumento da economia nos países industrializados, aos
conflitos armados que atingiram o setor do turismo e viagens,
assim como a epidemia de Síndrome Respiratória
Aguda Severa (Sars), que repercutiu particularmente na Ásia.
Com compreensível prudência, o relatório
diz que as taxas de crescimento previstas na América
Latina e no Caribe, Oriente Médio, África do
Norte e nas economias de transição, todas elas
superiores a 4 por cento, assim como nas sub-regiões
da Ásia (entre 4,5 e 7,1 por cento) e até na
África Subsaariana (cerca de 5 por cento) "deveriam
ser suficientes para permitir a essas regiões criar
novas possibilidades de emprego".
O desafio daqui até 2015 é, no entanto, enorme
pois se trata de absorver os 514 milhões de pessoas
que se incorporarão pela primeira vez ao mercado trabalhista
e reduzir a quantidade de trabalhadores pobres.
Em seu estudo, a OIT lança um alerta ao afirmar que
"a persistência de um crescimento que não
cria empregos constituirá uma ameaça para o
crescimento futuro".
Nesse sentido, conclui que "nenhum país pode
suportar com o tempo um desemprego crescente porque a contração
da demanda acabaria limitando o crescimento econômico".
As informações são
do site Último Segundo.
|