Em entrevista na qual acusou o
PT de fazer do governo uma espécie de "curso de
graduação, no qual tenta aprender a arte de
governar enquanto governa", o presidente nacional do
PSDB, José Serra, disse ontem que os tucanos vão
cobrar explicações, nas eleições
municipais, sobre o aumento do desemprego.
"O emprego retrocedeu em 2003 em relação
a 2002, é a questão mais séria do país,
hoje", afirmou Serra, após reunião da Executiva
Nacional do PSDB em Brasília para discutir as eleições
de outubro.
Os governadores e prefeitos tucanos temem ser discriminados
pelo governo federal, que estaria privilegiando o PT em relação
aos outros partidos na distribuição de verbas
dos ministérios.
"Há muita menção sobre uma orientação
claramente discriminatória [em relação
aos outros partidos] nos convênios voluntários
feitos pelos ministérios", disse Serra, baseando-se
em relatos feitos por líderes do PSDB.
A suposta discriminação seria mais nítida
em São Paulo, mas Serra não quer se aprofundar
no assunto enquanto não tiver dados sobre esse tipo
de convênio.
Segundo Serra, o PSDB "não vai tentar nem "destentar"
nacionalizar" as eleições municipais, mas
ele acredita que alguns temas surgirão naturalmente,
especialmente nas grandes cidades, como o aumento do desemprego.
Serra acusou o governo do PT de não ter uma política
de criação de empregos, assim como não
teria programas para outras áreas de governo. Para
o tucano, a "falta de diretrizes" dificulta até
o debate. "Quais são essas políticas, em
diferentes áreas?", questionou o tucano. Segundo
Serra, criaram-se mais empregos com a publicidade dada ao
Primeiro Emprego do que propriamente com o programa do governo.
"Estou reclamando a presença de uma política.
É o mínimo que podemos querer de um governo
que já percorreu 25% do mandato", disse.
RAYMUNDO COSTA
da Folha de S. Paulo
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