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dança dos ministros
22/01/2004
Lula inicia reforma; Patrus assume social

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início ontem à primeira reforma ministerial de seu governo. Definiu a escolha de pelo menos mais quatro ministros, todos deputados federais, e formalizou a saída de outros.

O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) chefiará o novo superministério da área social. Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara, será ministro da Articulação Política, numa redivisão de atribuições da Casa Civil. O líder do PSB na Câmara, Eduardo Campos (PE), assumirá a Ciência e Tecnologia. E o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), comandará as Comunicações.

Miro Teixeira (sem partido, RJ) deixa as Comunicações para assumir a liderança do governo na Câmara no lugar de Aldo Rebelo.

O superministério social é resultado da junção das pastas de Benedita da Silva (Assistência Social) e de José Graziano (Segurança Alimentar). Ambos estiveram ontem com Lula. Benedita levou flores para Lula. Foi descartada a ida dela para a vaga de Emília Fernandes (Políticas para as Mulheres); seu destino é incerto. Graziano foi convidado por Lula para integrar sua assessoria especial. Chateado, ele não deu resposta.

A nova pasta social incorporará ainda o programa Bolsa-Família, coordenado por Ana Fonseca. Até ontem não havia nome decidido para esse ministério. Uma possibilidade é Ministério do Desenvolvimento Social.

Eduardo Campos, que substituirá Roberto Amaral, foi convidado por José Dirceu (Casa Civil) à tarde, por meio de telefonema, para ir ao Planalto à noite. Seu nome foi oficializado pelo Planalto às 21h, após conversa com Lula. Patrus Ananias também se encontrou com o presidente à noite, mas saiu às 22h50 sem falar.

O nó do PMDB
Com a escolha de Eunício Oliveira para as Comunicações, a primeira das duas pastas que caberão ao PMDB, falta definir a segunda vaga do partido.

Seguia indefinido até a conclusão desta edição o segundo ministério peemedebista. Cresceu muito a articulação para segurar Ricardo Berzoini na Previdência, pasta antes ofertada ao PMDB. Há ainda a avaliação da cúpula do governo de que seria desgastante usar a Previdência como moeda de troca política.

Anteontem, Lula pediu a Berzoini para iniciar negociação com aposentados sobre revisão de benefícios, o que foi visto como sinal de que ele tenderia a ficar no cargo. Lula marcou reunião para as 10h de amanhã com a cúpula do PMDB a fim de bater o martelo com o partido. O presidente do Senado, José Sarney (AP), principal negociador peemedebista na reforma ministerial, estará presente. Ele passou a semana no Maranhão, à espera da missa de sétimo de dia de sua mãe, que morreu na sexta-feira passada.

Clima de guerra
O presidente cogita oferecer Transportes ao partido, mas há complicadores. Lula prefere o senador Pedro Simon (RS), mas a bancada de senadores tem resistência. Os senadores Maguito Vilela (GO) e Garibaldi Alves (RN) continuam ministeriáveis. O senador Romero Jucá (RO) voltou a integrar essa lista.

O senador Hélio Costa (MG) antecipou sua volta dos Estados Unidos para participar da reunião da bancada do PMDB no Senado, também marcada para amanhã, após encontro com Lula. A bancada está em pé de guerra. Pelo menos oito senadores são candidatos à vaga, mesmo sem saber qual ministério caberá ao partido.

Um obstáculo é o que fazer com Anderson Adauto (PL), titular dos Transportes que tem sido bancado no posto pelo vice-presidente, José Alencar, apesar de a cúpula do governo julgar o ministro um fraco executivo. É preciso acomodar o PL no primeiro escalão. Demonstrando cansaço e tensão, Lula desabafou com interlocutores, pouco antes de começar a atender os ministros que sairiam dos postos. "Botar [ministro] é fácil, tirar é difícil."

O primeiro encontro de Lula foi às 9h, com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). Ambos deram aval ao nome de Patrus, numa provável combinação visando a sucessão na capital e no Estado.

Roberto Amaral, por sua vez, saiu atirando. Disse que caiu da Ciência e Tecnologia por falta de apoio partidário, mas Amaral estava desgastado junto à comunidade científica e à cúpula do governo, que o via como um executivo fraco. De quebra, o PSB o abandonou.

O novo líder do PMDB na Câmara deve ser José Borba (PR). Renato Casagrande (ES) deverá ficar na liderança do PSB na Câmara. Dirceu articulou com Eunício e Campos o apoio a Borba e a Casagrande para continuar a ter, no comando das bancadas do PMDB e PSB, aliados de primeira hora do governo.

Nas conversas ao longo do dia, Lula voltou a reclamar da cobertura da mídia sobre a reforma ministerial. "Não vou fazer reforma sob pressão da imprensa."

KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA
da Folha de S. Paulo

   
 
 
 

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