DAVOS (Suíça). Na
avaliação de economistas presentes em Davos,
depois de ter reconquistado a estabilidade econômica,
o Brasil precisa agora reencontrar o caminho do crescimento.
Fred Bergsten, diretor do influente Instituto sobre Economia
Internacional, em Washington, acredita que, para crescer,
o Brasil precisa dar atenção especial à
sua política externa.
"Certamente o Brasil alcançou um alto grau de
estabilidade. A reputação está alta.
O questão óbvia é como voltar a crescer.
Eu concordo com Lula: o Brasil deve se tornar um poder exportador.
Para isso, precisa se fortalecer nas negociações
comerciais".
Bergesten, entretanto, acha que o Brasil foi longe demais
na sua posição dura nas negociações
de comércio:
"Acho que o Brasil ergueu impedimentos nas negociações
para a Rodada de Doha e para a Alca (Área de Livre
Comércio das Américas) que não são
do interesse do país. O Brasil deve negociar muito
duro. Mas precisa trabalhar para que as negociações
avancem. Não estou certo de que esse é o caso".
Perguntado se o problema não era mais o fato de os
EUA e a União Européia (UE) relutarem em abrir
seus mercados protegidos, ele argumentou:
"As críticas são justificáveis.
Mas a forma de lidar com isso não é sair da
mesa de negociações ou bloqueá-las".
Demanda doméstica
Por outro lado, ele concorda que o endurecimento
na posição do G-20 nas negociações
da Rodada de Doha teve efeito: obrigou os europeus e americanos
a melhorarem suas propostas na agricultura.
Bergsten acredita, por exemplo, que os EUA vão voltar
atrás em medidas protecionistas, em troca de um acordo
em que os europeus reformem sua Política Comum Agrícola
(PAC). Uma decisão nesse sentido, afirma, pode ocorrer
em 2006 ou 2007.
Para Stephen Roach, economista-chefe do Morgan Stanley, o
problema na América Latina, inclusive no Brasil, é
a falta de estímulo para o crescimento da demanda doméstica.
A região, para ele, ainda é muito dependente
do ciclo econômico mundial, sobretudo dos Estados Unidos.
Mas, se a situação dos americanos se complicar
no futuro, alertou, “a América Latina enfrentará
um sério problema”.
"O Brasil tem feito um trabalho muito melhor. Mas ainda
há um longo caminho de reformas", disse.
As informações são
do jornal O Globo.
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