O governo iniciou as negociações para o pagamento da revisão
aos aposentados e pensionistas da Previdência que tiveram
seus benefícios concedidos entre março de 1994
e fevereiro de 1997.
Também começou a negociar o pagamento da correção
em atraso (a diferença nos benefícios nos últimos
cinco anos).
A intenção do governo é parcelar os
atrasados e conceder o aumento definitivo aos benefícios
ainda neste ano.
A revisão de até 39,67% da aposentadoria pela
correção da URV (Unidade Real de Valor) seria
paga nos benefícios em abril ou maio -data de aumento
das aposentadorias. Dados confirmados por um representante
do ministério dão conta de que o governo poderia
gastar até R$ 6 bilhões neste ano -com a revisão
e os atrasados. Outros R$ 6,8 bilhões seriam parcelados.
Os aposentados já estavam falando em ir à Justiça.
E o presidente da República, Luiz Inácio Lula
da Silva, pediu para o ministro da Previdência, Ricardo
Berzoini, apressar as negociações sobre o acordo
para o pagamento da correção dos benefícios.
O ministro, porém, pode perder o cargo na reforma ministerial.
Berzoini se reuniu ontem com os representantes dos aposentados
da Força Sindical e da CUT.
De acordo com a proposta do Sindicato dos Aposentados da
Força Sindical, quem tivesse mais de 70 anos receberia
todo o valor dos atrasados de uma só vez, assim como
os beneficiários que ganhassem até um teto mensal.
O ministério estima que 1,8 milhão de pessoas
têm direito à correção pela URV.
Dessas, cerca de 1 milhão já está na
Justiça -mas 200 mil não receberiam nada, pois
não se enquadrariam nas condições necessárias
para a correção (como ganhar mais que um salário
mínimo e ter o benefício concedido no período
da URV).
No Estado de São Paulo, 900 mil pessoas têm
direito à correção. Segundo o Juizado
Especial Federal Previdenciário, a média do
valor dos atrasados para cada aposentado é de R$ 7.900.
Em uma coisa todas as entidades de aposentados concordam.
O pagamento dos atrasados, o que mais preocupa o governo,
deve ser feito até 2006. "Não vamos aceitar
se o prazo for de quatro, cinco anos, como já falou
o governo", disse o presidente do Sindicato dos Aposentados
da Força Sindical, João Batista Inocentini.
A reportagem apurou que Lula teria pedido a Berzoini para
fechar um acordo que pagasse os atrasados até aquele
ano mesmo -dentro de seu mandato.
O presidente da Cobap (Confederação Nacional
dos Aposentados e Pensionistas), João Lima, diz que
o governo ainda tem de revisar o benefício de todos
os aposentados antes de pagar os atrasados.
ELLEN NOGUEIRA
JOSÉ SERGIO OSSE
do jornal Agora
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