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economia
23/01/2004
Manter juro foi respiro estratégico, diz FMI

O FMI (Fundo Monetário Internacional) considerou um "respiro estratégico" a decisão do Banco Central de não reduzir a taxa básica de juros no Brasil anteontem, mas afirma serem "excessivos, em qualquer medida, os juros reais (descontada a inflação) de 9% ao ano" vigentes hoje no país.

"Depois de reduzir em dez pontos a taxa de juro em menos de um ano, o Banco Central decidiu respirar", disse Philip Gerson, chefe da Divisão Atlântica do FMI para o Hemisfério Ocidental. A taxa básica (Selic) está em 16,5% ao ano. "Mas o desafio do Brasil permanece o de estender sua taxa de crescimento, que tem sido desapontadora." Para o funcionário do Fundo, apesar dos progressos obtidos, "muitos dos problemas do Brasil que minaram a confiança dos mercados ainda continuam presentes".

"O Brasil deve aproveitar a atual situação favorável nos mercados para melhorar o perfil de sua dívida, eliminar gastos fixos para ampliar programas sociais, tomar medidas para reduzir os "spreads" nos empréstimos bancários e desburocratizar o setor empresarial", disse Gerson.

"A conquista de autonomia do BC também seria importante para ampliar a confiança do mercado", disse. Para o FMI, esse cardápio de medidas permitirá uma queda maior dos juros no médio prazo.

Contradição
A contradição entre juros altos e a necessidade de crescimento no Brasil marcaram ontem as discussões do seminário "Brasil, um ano depois de Lula", em Washington, que reuniu dez economistas e especialistas. O consenso é que o Brasil não está livre do risco de uma nova crise que coloque em risco o pagamento de sua dívida.

O economista John Williamson, criador da expressão "Consenso de Washington", disse, no entanto, que o BC teria sido "irresponsável" se tivesse continuado agora com sua política de corte de juros.

"O Banco Central foi prudente. O Brasil não pode mais pagar o preço de colocar em dúvida seu sistema de metas de inflação", disse. Desde que o sistema foi implantado, há cinco anos, a meta não foi alcançada em três anos - ou seja, há mais casos de descumprimento do que de sucesso.

Para Desmond Lachman, ex-diretor para mercados emergentes da Salomon Smith Barney e do FMI, "a sustentabilidade da dívida brasileira continua levantando dúvidas, apesar de toda a ortodoxia recente do governo".

Philip Gerson, do FMI, pondera, no entanto, que "o ambiente geral para os mercados emergentes estaria muito pior hoje se o Brasil não tivesse se saído bem da sua última crise".

 

FERNANDO CANZIAN
da Folha de S. Paulo, em Washington

   
 
 
 

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