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infância
23/01/2004
Menor é morto a tiros dentro da Febem

Um rapaz de 17 anos foi morto a tiros, na madrugada de ontem, em uma tentativa de fuga dentro da unidade 3 do complexo Vila Maria da Febem, na zona norte de São Paulo. A origem dos tiros que mataram o interno e feriram outros dois ainda é um mistério.

Os funcionários da Febem disseram à polícia não terem ouvido os tiros. A Polícia Militar negou ter usado armas na ação. Os internos ainda não foram ouvidos.

Segundo o boletim de ocorrência registrado no 81º DP (Belém), os adolescentes quebraram janelas e usaram o suporte de uma rede de vôlei para romper um alambrado em uma tentativa de fuga às 3h de ontem. Teriam usado ainda facas artesanais para tentar forçar a saída. "Ainda não sabemos nada da arma", disse a delegada de plantão do 81º DP, Denise Prado, que ouviu policiais e monitores na tarde de ontem.

Representantes do conselho tutelar da região ouviram alguns dos internos que participaram da tentativa de fuga. Eles disseram que ficaram encurralados entre os funcionários e os PMs, que estavam do lado de fora da unidade, que tem capacidade para 96 pessoas, mas abriga 129 internos.

Na versão deles, os tiros partiram dos servidores da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) ou dos policiais.

Nenhum funcionário foi baleado. Sofreram apenas ferimentos leves, segundo a Febem.

Negligência
Representantes do conselho alegam que houve demora no atendimento aos internos feridos. "O rapaz que morreu, morreu de hemorragia por falta de atendimento", disse Deolinda Gomes, conselheira tutelar da Mooca.

O menor chegou ao hospital do Tatuapé, na zona leste, morto. Levou quatro tiros no abdômen.

Parentes de um dos menores feridos afirmaram que ele ficou "sangrando no chão" até ser levado ao hospital. "Que Estado é esse que deixa a coisa a um ponto de balearem dentro da unidade?", questionou Luciana Moluca, 33, amiga da família.

O hospital informou que os internos deram entrada entre as 4h10 e as 6h15. A Febem nega que o socorro tenha sido protelado.

Um dos feridos continuava em estado grave, por causa de um ferimento à bala na perna. O outro, com uma bala alojada no abdômen, permanecia sob observação até a noite de ontem. Dois outros internos foram atendidos no hospital com contusões e fraturas.

A Assessoria de Comunicação da PM informou que o caso está sob investigação na corregedoria do órgão. Já a Febem abriu uma investigação interna sobre o caso.
Segundo a assessoria de imprensa da fundação, funcionários e vigilantes terceirizados são proibidos de usar armas nas unidades.

De acordo com a delegada, serão feitos exames residuográficos nos funcionários, nos policiais e nos internos, em busca de sinais de uso de armas. Não havia sinais de tiros nas paredes. Por isso possivelmente a análise para descobrir a arma usada terá de ser feita com os projéteis encontrados nos corpos dos internos.



FABIANE LEITE
da Folha de São Paulo

   
 
 
 

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