BRASÍLIA. Sete em cada dez
cursos de direito do país foram reprovados em avaliação
feita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). De 215 cursos
avaliados, apenas 28% receberam o selo de qualidade conferido
pelo programa OAB Recomenda, destinado a apontar as melhores
faculdades da área. Em números absolutos, foram
aprovados 60 cursos. No Rio de Janeiro, dos 34 cursos avaliados,
28 não passaram no teste da OAB.
A maioria dos cursos aprovados (36) é oferecida por
instituições públicas. A OAB faz a avaliação
a partir do desempenho dos estudantes no Exame Nacional de
Cursos, o Provão, e no exame para ingresso na Ordem,
pelo qual os formandos em direito têm de passar para
exercer a profissão. Participaram da avaliação
os cursos existentes há pelo menos nove anos. Em 2001,
na primeira edição do programa, dos 176 cursos
avaliados, só foram aprovados 52.
Para a OAB, o baixo índice de aprovação
revela a facilidade com que novos cursos têm sido autorizados
pelo Ministério da Educação. Entre 2001
e 2003, a Comissão de Ensino Jurídico da OAB
opinou favoravelmente à abertura de apenas 19 cursos,
mas o ministério autorizou a abertura de 222, ignorando
os argumentos apresentados pela instituição.
"A Ordem dá um parecer fundamentado, o pedido
vai para o MEC e ele aprova, sem dizer por que aprovou",
critica o presidente da OAB, Rubens Approbato Machado.
Enganação
Hoje, há no país 762 cursos de direito.
Para Approbato, na maioria dos casos eles não passam
de uma enganação.
"É ensino que não ensina, que corrompe,
que engana. Isso é estelionato", disse.
O presidente eleito da Ordem, Roberto Busato, que assume
no dia 1, disse que vai pedir uma audiência com o ministro
da Educação, Tarso Genro. Ele defende que os
pareceres da OAB sejam decisivos para o ministério
autorizar ou não o funcionamento de uma faculdade.
"Se o parecer favorável for uma das condições
para a abertura do curso, teremos condições
de mudar esse quadro catastrófico", afirmou o
futuro presidente da OAB.
Segundo Busato, a qualidade dos estudantes pode ser aferida
pelo índice de aprovação no exame para
ingresso na entidade. A média de reprovação
na prova, que cobra apenas conhecimentos básicos em
direito, chega a 80%.
As informações
são do jornal O Globo.
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