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ensino
28/11/2003
Um terço dos universitários vêm da rede pública

Quase 30% dos alunos de universidades públicas paulistas fizeram todo ensino médio em escolas públicas. O índice corresponde à média de matrículas em 2003 nas universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp). Nessa época de vestibular, a notícia é animadora — prova que não é uma missão impossível para quem não estudou na rede particular entrar na universidade gratuita.

A instituição que mais tem inscrição no vestibular e matrículas de alunos de escolas públicas é a Unesp. O fato de suas unidades serem espalhadas por todo Interior de São Paulo, onde o número de escolas particulares é menor, é um dos fatores para essa procura. No Interior, as escolas públicas também estariam mais próximas da comunidade e, por isso, seriam mais “fortes”.

Em 2003, 38% dos 5.680 candidatos que ingressaram na Unesp eram estudantes das redes municipal, federal ou estadual (veja quadro). “Além do fator geográfico, também temos cursos que se repetem em turnos e cidades, o que facilita principalmente para o aluno que tem de trabalhar”, afirmou o coordenador da Fundação para o Vestibular da Unesp (Vunesp), Fernando Prado.

Apesar de ter um bom percentual de alunos de escolas públicas, em comparação com o das demais universidades paulistas, a Unesp tem visto o número desses estudantes diminuir ao longo dos últimos nove anos. Em 1995, 56,4% dos seus ingressantes eram da rede pública. Para Prado, a queda pode ser ligada à mudança do currículo das escolas estaduais. “O número de aulas das disciplinas básicas caiu. Por isso, nos últimos anos, procuramos não aumentar o nível de dificuldade das provas”, disse.

Avaliação semelhante tem Renato Pedrosa, coordenador adjunto e de pesquisa do Vestibular da Unicamp. Na Unicamp, os números de inscritos no vestibular e de matriculados têm se mantido estáveis desde 1989 — cerca de um terço. “As escolas particulares reforçam as matérias básicas, como química, física, matemática e biologia. E os professores mais qualificados vão também para as particulares”, disse.


Mito que afasta
Para ele, há um mito de que o ingresso na universidade pública é muito difícil para quem não cursou a escola particular. “Mais de 80% dos alunos se formam na rede pública e, mesmo assim, eles não se tornam candidatos. A universidade pública fica com a imagem de que só quem entra é rico, o que não é verdade”, disse. Segundo o perfil dos ingressantes da Unicamp de 2003, 41,5% têm renda familiar de até 10 salários mínimos. Em 1999, 22,9% tinham renda de até 10 mínimos.

O coordenador da Fundação para o Vestibular da USP (Fuvest), Roberto Costa, também acredita que muitos alunos se auto-excluem da universidade pública para ir trabalhar. Das universidades paulistas, a USP é a única que tem visto um aumento gradativo no número de ingressantes da rede pública — de 19,8% em 1999 para 22,5% em 2003. “É difícil detectar as razões, mas uma das causas desse aumento também pode ser a presença mais forte da escola pública na mídia”, disse.




Viviane Raymundi,
do Diário de S.Paulo.

   
 
 
 

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